quarta-feira, 11 de junho de 2008

Senado convoca Teixeira e ex-sócios da empresa

Por João Domingos
no Estado de São Paulo

O advogado Roberto Teixeira e os sócios brasileiros da VarigLog Marco Antonio Audi, Marcos Haftel e Luiz Eduardo Gallo terão de prestar esclarecimentos ao Senado sobre a denúncia de que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, favoreceu a companhia na compra da Varig, em 2006. O requerimento de convite para que eles deponham na Comissão de Infra-Estrutura do Senado no dia 18 foi negociado entre o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR).Teixeira, que é compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é advogado da VarigLog. Segundo a denúncia, sua influência no Palácio do Planalto teria sido decisiva para o êxito da operação de venda da Varig. Em entrevista ao Estado, na semana passada, a ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu acusou Dilma de pressionar a agência a aprovar a composição acionária da VarigLog, o que abriu caminho para a empresa comprar a Varig. Entre os sócios da VarigLog está o Fundo Matlin Patterson, dos Estados Unidos, representado na operação pelo empresário Lap Chan, hoje brigado com os sócios brasileiros, e de quem Teixeira é advogado. Com a aprovação da compra da VarigLog pelo Matlin, em 2006, a Varig foi comprada, em leilão judicial, por U$ 24 milhões. Em março do ano seguinte, a Varig foi vendida para a Gol Transportes Aéreos, pelo preço de R$ 320 milhões.A operação foi tão comemorada que os compradores foram pessoalmente ao presidente Lula fazer a comunicação. Além de Nenê Constantino e seu filho Constantino Jr, donos da Gol, o advogado Roberto Teixeira fez-se presente no Palácio do Planalto.Trata-se de uma das negociações milionárias mais obscuras da história recente do País. Tanto é que, em abril, a Justiça Estadual de São Paulo, que viu na operação "indícios de ilícitos civis e criminais, inclusive crime de quadrilha", solicitou que o Ministério Público Federal apurasse a possibilidade de os sócios brasileiros serem laranjas do Matlin Patterson. Também foi determinada a investigação sobre a participação de Teixeira nas operações. Com a entrevista de Denise Abreu, o Ministério Público resolveu reabrir as investigações, iniciadas em 2006, a respeito da operação de venda e composição societária da VarigLog. Denise afirmou, na entrevista, que Dilma impediu que ela exigisse a comprovação da origem do capital dos sócios brasileiros, além de dizer para ela que uma agência reguladora não tinha poderes para examinar o Imposto de Renda de ninguém. De acordo com Denise Abreu, Dilma falou que essas tarefas eram do Banco Central e da Receita Federal.A reunião da Comissão de Infra-Estrutura do Senado do dia 18, quando deverão comparecer Roberto Teixeira, Marco Audi, Marcos Haftel e Luiz Gallo, vai marcar o encontro de adversários. Teixeira foi advogado de Audi.Também em entrevista ao Estado, o empresário disse que pagou U$ 5 milhões para que Teixeira ajudasse a fazer o negócio da Varig. Depois, os dois romperam e Teixeira ficou ao lado do outro sócio, Lap Chan.Audi afirmou, na entrevista, que a influência de Teixeira foi 100% decisiva. "Não sei o que o Roberto Teixeira negociou. Eu só sei que investi nele, ele tinha de trazer resultados, e trouxe". Audi negou que ele e seus dois sócios fossem laranjas do Fundo Matlin. Afirmou que a idéia de comprar a VarigLog foi dele e os sócios acreditaram que o negócio daria certo.

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