domingo, 8 de junho de 2008

Hillary anuncia seu apoio total a Obama

Por Sérgio Dávila
na Folha de São Paulo

Num dos pontos altos da disputa pela candidatura democrata à sucessão do presidente George W. Bush, a senadora Hillary Clinton anunciou ontem seu apoio total e inequívoco ao ex-oponente no partido, Barack Obama, e disse que estava suspendendo sua campanha. "Hoje, estou me pondo ao lado do senador Obama para dizer "Sim, nós podemos!", afirmou, usando o slogan do virtual candidato do partido da oposição."Hoje, ao suspender minha campanha, eu o parabenizo por sua vitória e pela corrida extraordinária da qual ele participou", disse ela no átrio do National Building Museum, em Washington. "Dou meu apoio total a ele", continuou, observada pelo marido, o ex-presidente Bill Clinton, a filha Chelsea e cerca de 2.000, num discurso em tom emotivo que durou 28 minutos, citou o senador 15 vezes e enfatizou a importância de ser mulher."A maneira de continuar nossa luta agora, de atingir as metas que nós defendemos, é usar nossa energia, nossas paixões, nossa força e fazer tudo o que pudermos para ajudar a eleger Barack Obama o próximo presidente dos EUA" -ela repetiria a frase "ajudar a eleger Barack Obama o próximo presidente" como um bordão.O candidato afirmou ontem em comunicado em seu website estar "entusiasmado e honrado" com o apoio de Hillary e disse que ela "estará em primeiro plano" na luta do Partido Democrata nas eleições de novembro "e pelos próximos anos", acrescentando que a ex-rival "rompeu barreiras".BarganhaHillary, 60, discursou quatro dias depois das últimas prévias democratas. A demora é inusual e foi fruto de uma corrida polêmica, na qual ambos os pré-candidatos tiveram cerca de 18 milhões de votos cada um -o senador acabaria por conseguir um número maior de delegados e superdelegados, que são quem escolhe o candidato.Embora tenha deixado claro ontem que apoiava Obama, Hillary não explicou qual será seu papel na campanha nem o que fará a partir de hoje, nem mesmo quando volta ao Senado. Há um movimento forte que defende uma chapa conjunta, com a senadora como vice, mas a resistência também é grande.Outros acreditam que ela possa ter um cargo num eventual governo de Obama ou mesmo que esse, se eleito presidente, a nomeie para a Suprema Corte quando um dos atuais juizes se aposentar. A hipótese pareceu agradar aos presentes ontem, que aplaudiram no exato momento em que ela citou a instituição, ao falar das "oportunidades perdidas" nos últimos sete anos de governo republicano em áreas como "política externa e a Suprema Corte".Obama e Hillary se encontraram na quinta à noite em Washington, na casa de uma senadora que se relaciona bem com os dois. Ninguém mais participou da reunião, e nada do que conversaram vazou à imprensa. Hillary tem a oferecer sua grande penetração em universos de eleitores nos quais Obama não teve bom desempenho nas prévias e sem os quais é difícil vencer -como operários e latinos.

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