quarta-feira, 11 de junho de 2008

Consumo do governo avança 4,5%

Por Fernando Dantas
no Estado de São Paulo

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 5,8% no primeiro trimestre de 2008 em relação a igual período de 2007, com forte aceleração do consumo do governo e continuidade da tendência de expansão dos impostos em ritmo bem mais rápido que o valor agregado na produção. O PIB e a demanda do primeiro trimestre deram leves sinais de desaceleração ante o último trimestre de 2007 . Apesar disso, o PIB em quatro trimestres cresceu 5,8%, o maior salto da série, que foi iniciada em 1996.Num trimestre em que a indústria e os investimentos foram os destaques e no qual o déficit externo disparou (ver página B6), chamou a atenção o crescimento de 4,5% no consumo do governo, comparado ao último trimestre de 2007, em termos dessazonalizados - o maior crescimento na série iniciada em 1996. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) considerou que uma das principais causas do aumento são as eleições municipais.Na comparação dessazonalizada com o trimestre anterior, o consumo do governo foi o item do PIB do primeiro trimestre que mais cresceu pelo lado da demanda - o consumo das famílias teve expansão de 0,3% e os investimentos, de 1,3%. Anualizando-se esses resultados, o consumo do governo cresceu 19,25%; o consumo das famílias, 1,3%; e os investimentos, 5,3%."Como é ano eleitoral, houve aumento dos gastos públicos, especialmente de Estados e municípios", observou Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. Rebeca explicou que, pelo fato de serem municipais, as eleições têm mais impacto nos gastos de Estados e municípios, sendo um estímulo à construção civil, por meio de obras públicas.Além disso, as eleições levam os governos a ampliar os gastos no primeiro semestre, já que, a partir de 5 de julho, vigora a proibição de transferências voluntárias entre os níveis da União e de algumas formas de contratação de pessoal.O IBGE mostrou, ainda, que os impostos vêm crescendo bem mais que o valor agregado à produção, numa tendência que já dura alguns anos. Na série encadeada de quatro trimestres, os impostos aumentaram 9,4% e o valor agregado, 5,2%. Para o IBGE, a causa é o forte crescimento do consumo de bens nos quais incidem muitos impostos, como os importados em geral e os automóveis. Apesar da aceleração mostrada na comparação entre o primeiro e o último trimestre do ano passado, o consumo do governo ainda fica atrás dos outros principais componentes da demanda quando a base de comparação é o primeiro trimestre de 2007. Nesse critério, o consumo do governo cresceu 5,8%; o consumo das famílias, 6,6%; e os investimentos, 15,2%. Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais do IBGE, explica que a comparação com o mesmo trimestre do ano anterior mede melhor a tendência do crescimento, enquanto a comparação dessazonalizada com o trimestre anterior mostra as variações do crescimento no curto prazo. Na série encadeada de quatro trimestres, que dá uma noção ainda melhor de longo prazo, fica claro que o PIB tem sido puxado pelo consumo das famílias, que cresceu 6,7%, e pelos investimentos, com 14,9%. Nesse critério, a alta do consumo do governo cai para 3,6%.

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