sábado, 4 de outubro de 2008

PMDB, PSDB e PT projetam eleger mais prefeitos; DEM deve perder municípios

Por Fernando Rodrigues
na Folha de São Paulo

Projeções dos partidos para as eleições de amanhã indicam uma alteração no grupo dos quatro maiores partidos em número de prefeitos. O G4 perde o DEM (ex-PFL) e pode assistir à entrada do PP -partido de Paulo Maluf, que aderiu ao governo Lula no plano federal e espera ter sucesso em dezenas de cidades pequenas no interior. PMDB, PSDB e PT, pela ordem, ficam nas três primeiras colocações.As projeções obtidas pela Folha nem sempre são expressas em público pelos dirigentes partidários, mas são esses os números que orientam os políticos. O PT é o mais otimista ao estimar o avanço percentual que pretende eleger.A avaliação do partido de Lula é sair dos 411 eleitos em 2004 para algo próximo de 700, uma alta de 70%. A imensa maioria dessas possíveis novas cidades petistas está localizada no Nordeste e em regiões onde o partido nunca se firmou eleitoralmente no passado.Os petistas sabem, entretanto, que é limitado o efeito político de conquistar muitas cidades nos "grotões do país", como Tancredo Neves (1910-1985) costumava se referir às localidades muito afastadas. Há um certo temor de que o eventual fracasso em capitais como São Paulo, Salvador e Porto Alegre tire todo o brilho do aumento nominal de prefeitos da sigla.Já o DEM passa por cenário inverso ao do PT. Oposição ao governo federal, a sigla está em franca decadência em cidades pequenas. Elegeu 790 prefeitos em 2004 e hoje já caiu para 670.Nas previsões dos seus dirigentes, deve sair das urnas ainda pior, com algo em torno de 430 prefeitos -uma queda não desprezível de 45,6%.Apesar dessa razia nos seus domínios municipais, o clima entre os democratas é de euforia pelo ineditismo da candidatura de Gilberto Kassab na disputa paulistana. Se ele tiver sucesso passando ao segundo turno amanhã, o DEM acredita que o feito compensará com folga a quase expulsão de seus políticos dos grotões -para onde estaria caminhando o PT, em parte por causa da alta popularidade presidencial e de programas de distribuição de renda como o Bolsa Família.O PSDB pela primeira vez em muitos anos poderá assistir a um segundo turno sem nenhum candidato próprio com chance de vitória nas capitais do chamado "Triângulo das Bermudas" da política brasileira: São Paulo, Rio e Belo Horizonte. O cenário menos dramático é o de Minas Gerais, onde os tucanos apóiam Márcio Lacerda (PSB), o favorito.Mas essa é apenas uma parte do cenário tucano. O partido projeta sair da eleição maior do que entrou em número de cidades governadas. Em 2004, elegeu 871 prefeitos. Pelas contas da sigla, pode chegar agora a 1.000 -alta de 14,8% sobre o obtido quatro anos atrás.Líder absoluto em número de cidades, o PMDB espera ampliar a vantagem. Na base da infidelidade partidária, a legenda já inflou seus 1.057 prefeitos eleitos em 2004 para 1.212 agora. A expectativa dos dirigentes é manter 1.200 -aumento de 13,5% sobre quatro anos atrás.
Surpresa
A possível surpresa na parte de cima do quadro de prefeitos pode ser o PP -um partido derivado diretamente da Arena, legenda de sustentação da ditadura militar (1964-1985).Os pepistas vinham perdendo posições de maneira constante desde 1996. Em 2004, conquistaram 552 prefeitos.Agora, aliados a Lula, esperam subir para 700. O comando do Ministério das Cidades nas mãos da agremiação é apontado como o fator principal do sucesso projetado para amanhã.

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