na Folha de São Paulo
Projeções dos partidos para as eleições de amanhã indicam uma alteração no grupo dos quatro maiores partidos em número de prefeitos. O G4 perde o DEM (ex-PFL) e pode assistir à entrada do PP -partido de Paulo Maluf, que aderiu ao governo Lula no plano federal e espera ter sucesso em dezenas de cidades pequenas no interior. PMDB, PSDB e PT, pela ordem, ficam nas três primeiras colocações.As projeções obtidas pela Folha nem sempre são expressas em público pelos dirigentes partidários, mas são esses os números que orientam os políticos. O PT é o mais otimista ao estimar o avanço percentual que pretende eleger.A avaliação do partido de Lula é sair dos 411 eleitos em 2004 para algo próximo de 700, uma alta de 70%. A imensa maioria dessas possíveis novas cidades petistas está localizada no Nordeste e em regiões onde o partido nunca se firmou eleitoralmente no passado.Os petistas sabem, entretanto, que é limitado o efeito político de conquistar muitas cidades nos "grotões do país", como Tancredo Neves (1910-1985) costumava se referir às localidades muito afastadas. Há um certo temor de que o eventual fracasso em capitais como São Paulo, Salvador e Porto Alegre tire todo o brilho do aumento nominal de prefeitos da sigla.Já o DEM passa por cenário inverso ao do PT. Oposição ao governo federal, a sigla está em franca decadência em cidades pequenas. Elegeu 790 prefeitos em 2004 e hoje já caiu para 670.Nas previsões dos seus dirigentes, deve sair das urnas ainda pior, com algo em torno de 430 prefeitos -uma queda não desprezível de 45,6%.Apesar dessa razia nos seus domínios municipais, o clima entre os democratas é de euforia pelo ineditismo da candidatura de Gilberto Kassab na disputa paulistana. Se ele tiver sucesso passando ao segundo turno amanhã, o DEM acredita que o feito compensará com folga a quase expulsão de seus políticos dos grotões -para onde estaria caminhando o PT, em parte por causa da alta popularidade presidencial e de programas de distribuição de renda como o Bolsa Família.O PSDB pela primeira vez em muitos anos poderá assistir a um segundo turno sem nenhum candidato próprio com chance de vitória nas capitais do chamado "Triângulo das Bermudas" da política brasileira: São Paulo, Rio e Belo Horizonte. O cenário menos dramático é o de Minas Gerais, onde os tucanos apóiam Márcio Lacerda (PSB), o favorito.Mas essa é apenas uma parte do cenário tucano. O partido projeta sair da eleição maior do que entrou em número de cidades governadas. Em 2004, elegeu 871 prefeitos. Pelas contas da sigla, pode chegar agora a 1.000 -alta de 14,8% sobre o obtido quatro anos atrás.Líder absoluto em número de cidades, o PMDB espera ampliar a vantagem. Na base da infidelidade partidária, a legenda já inflou seus 1.057 prefeitos eleitos em 2004 para 1.212 agora. A expectativa dos dirigentes é manter 1.200 -aumento de 13,5% sobre quatro anos atrás.
Surpresa
A possível surpresa na parte de cima do quadro de prefeitos pode ser o PP -um partido derivado diretamente da Arena, legenda de sustentação da ditadura militar (1964-1985).Os pepistas vinham perdendo posições de maneira constante desde 1996. Em 2004, conquistaram 552 prefeitos.Agora, aliados a Lula, esperam subir para 700. O comando do Ministério das Cidades nas mãos da agremiação é apontado como o fator principal do sucesso projetado para amanhã.
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