quarta-feira, 21 de maio de 2008

Obama obtém maioria de delegados

Por Patrícia Campos Melo
no Estado de São Paulo

A ampla vitória de Hillary Clinton na primária de ontem em Kentucky não impediu Barack Obama de chegar à marca de 1.627 delegados na disputa pela candidatura democrata à Casa Branca, um total matematicamente inalcançável por sua rival. Ao bater Obama por 65% a 30% em Kentucky, a ex-primeira-dama conquistou, segundo cálculo da TV CNN, 34 dos 51 delegados em jogo, chegando a quase 1.480 no total. Mas os 14 ganhos por Obama foram suficientes para ele alcançar o que definiu como "grande marco" na corrida à Casa Branca. Isso antes mesmo do fim da votação no Oregon, que Obama acabou vencendo, segundo projeção da CNN, o que ampliou ainda mais sua vantagem.
"Esta noite retornamos a Iowa com a maioria dos delegados eleitos pelo povo americano", celebrou Obama com partidários no Estado que lhe deu a primeira grande vitória do ciclo de primárias. "Vocês nos puseram à beira da indicação democrata para presidente dos EUA." Ele elogiou Hillary, situando-a "entre os mais formidáveis candidatos a disputar a presidência" na história do país, e logo se concentrou na eleição presidencial de novembro, criticando o governo de George W. Bush e o candidato republicano, John McCain. Em discurso feito um pouco antes em Kentucky, Hillary, porém, insistiu que é a candidata mais forte para enfrentar McCain e afirmou que não abandonará a disputa. "Estamos ganhando no voto popular e estou mais decidida que nunca a continuar até que todo mundo vote e todos os votos sejam contados", disse ela, referindo-se às prévias de janeiro em Michigan e Flórida - que a direção do partido invalidou por terem violado as normas. Mas a senadora sofreu outro revés com a decisão de mais cinco superdelegados de apoiar Obama. O mais célebre e inusitado desses apoios é o anunciado por Robert Byrd, o senador há mais tempo no cargo em toda a história americana. A notícia é inusitada porque Byrd, de 90 anos, foi membro da organização racista Ku Klux Klan nos anos 40 (depois, pediu desculpas por isso) e é senador pela Virgínia Ocidental, Estado no qual Hillary venceu com folga. De qualquer forma, segundo analistas, o triunfo no Kentucky oferece à senadora uma posição mais confortável para pleitear uma vaga de vice-presidente na chapa do partido. Obama não tem bom desempenho entre o eleitorado branco, operário, de baixa escolaridade. Muitos dos aliados da ex-primeira-dama apóiam publicamente uma chapa Obama-Hillary. "Hillary e Barack fizeram campanhas muito intensas e juntos formariam uma chapa fortíssima", diz o senador Chuck Schumer, de Nova York. Partidários da senadora argumentam que os dois conseguiram mais de 30 milhões de votos e levantaram mais de US$ 400 milhões.Para os aliados de Obama, porém, a chapa dos sonhos seria um pesadelo. Eles acham que o senador Sam Nunn ou o ex-candidato John Edwards seriam opções melhores. Edwards é menos polêmico do que Hillary e não irritou o eleitorado negro como ela. Com seu verniz populista, ele também atinge a camada de brancos e operários de que Obama precisa. Já Nunn, presidente da Comissão das Forças Armadas do Senado, acrescentaria pontos em política externa e segurança.

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