sábado, 24 de maio de 2008

''Ficou clara'' participação de Paulinho, acusa PF

Por Fausto Macedo
no Estado de São Paulo

"Com relação às autoridades, deputado Paulo Pereira da Silva e prefeito Alberto P. Mourão, ficou clara a participação destes na organização criminosa", acusa o relatório 11 da Polícia Federal sobre suposto desvio de verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). É a primeira vez que a PF aponta com tanta convicção e ênfase o envolvimento de Paulinho.São 124 páginas de análise do caso BNDES, robustecido de um dossiê com 55 documentos bancários e contábeis, mais cópias de cheques, notas fiscais e planilhas eletrônicas que a Operação Santa Tereza recolheu. Em toda a sua extensão, o documento faz referências taxativas a Paulinho.O relatório 11 dedica um capítulo inteiro ao pedetista, sob o título "Das diligências-Brasília", tarefa executada pelos agentes entre os dias 25 e 26 de fevereiro - nessa etapa, Paulinho foi espionado e filmado dentro do plenário da Câmara, território sagrado dos deputados. Foi a mais ousada ofensiva da PF desde que elegeu Paulinho alvo da missão.Os federais mantinham sob severa vigilância o lobista João Pedro de Moura, amigo e aliado de Paulinho, e a quem é atribuído papel de mentor do golpe - o que ele nega. Seguiram Moura pelos corredores da Câmara, até o salão verde.Página 63 do relatório: "No interior do plenário, na área destinada ao café (restrita a parlamentar), João Pedro foi visto às 19h20 em uma mesa, acompanhado por três pessoas, onde, às 19h30, abriu seu notebook, modelo Sony Vaio, cor preta, e fez uma apresentação aos presentes, fornecendo-lhes, logo após, papéis. Após a apresentação, um dos presentes, homem branco e calvo, se retirou da mesa. Às 19h50, junta-se ao grupo o deputado federal Paulo Pereira da Silva, onde estabelece conversações com os demais. João Pedro saiu do plenário às 20h03, acompanhado do deputado Paulo Pereira da Silva e outra pessoa."A PF afirma que coube a Paulinho cheque de R$ 18.397,50, emitido em 15 de fevereiro, dinheiro relativo ao primeiro desembolso do BNDES para a Prefeitura de Praia Grande. A prova, aponta a PF, são uma cópia do cheque e uma planilha de divisão de valores achada na sede da Progus Consultoria, do empresário Marcos Mantovani, autor de projetos para empresas e prefeituras.A planilha que a PF encontrou identifica Paulinho como PA. No início da investigação, os federais sustentavam que PA era "possivelmente" o deputado. Agora, são categóricos quando afirmam em caráter oficial que PA é o parlamentar, a quem chamam de "vulgo Paulinho da Força".Página 18: "Iniciados os pagamentos para os integrantes da organização criminosa e, após as buscas decorrentes da deflagração da operação na data de 24 de abril, confirmaram-se alguns nomes. Quanto a PA, confirmou ser a pessoa de Paulo Pereira da Silva, vulgo Paulinho da Força."O advogado de Paulinho, Antonio Rosella, rechaça as acusações da PF, que classifica de "absurdas". Mariz de Oliveira, advogado do prefeito de Praia Grande, afirma que ele não tem ligação com desvio de verbas. Antonio Ruiz Filho e Carlos Kauffmann, advogados de Mantovani, declaram que o empresário efetivamente fez os projetos questionados.

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