sábado, 24 de maio de 2008

Apoio de pastores constrange McCain

Por Maeve Reston e Stuart Silverstein
no Estado de São Paulo

Depois de várias semanas de crítica, John McCain, candidato republicano à Casa Branca, rompeu na quinta-feira com dois televangelistas. O apoio de John Hagee e Rod Parsley havia sido bastante comemorado pela campanha de McCain, que contava com os dois para conquistar os eleitores conservadores religiosos.Mas, em comício em Stockton, na Califórnia, McCain anunciou que rejeitava o apoio de Hagee depois de tomar conhecimento de uma gravação em que o pastor dizia que "Hitler foi um enviado de Deus" para obrigar os judeus a "retornarem à terra de Israel". O candidato republicano disse que, quando Hagee o apoiou, em fevereiro, não sabia dos comentários do pastor, feitos durante um sermão no fim dos anos 90, que ressurgiram na internet. "Considero essa declaração absurda e inaceitável", disse McCain, que logo em seguida, em entrevista à Associated Press, afirmou que também foi obrigado a recusar o apoio de Rod Parsley, pastor no Estado de Ohio e crítico ferrenho do Islã. "Acho que não há lugar para esse tipo de discurso nos EUA", afirmou McCain. Parsley, que considera o adultério crime e o homossexualismo uma aberração, costuma dizer que Alá é um espírito demoníaco. Em fevereiro, ele e McCain foram vistos dividindo o mesmo palanque em Ohio. O senador, que é visto com desconfiança por muitos conservadores no partido, buscou ativamente o apoio de Hagee e Parsley. A idéia era desfazer o relacionamento ruim que McCain tinha com líderes evangélicos, a quem chamava de "agentes da intolerância".O caso, porém, lembra a controvérsia envolvendo o candidato democrata Barack Obama, que tem dificuldade para se desvencilhar dos sermões incendiários de seu ex-pastor, Jeremiah Wright, que acusou o governo americano de racista e de ter provocado os atentados de 11 de Setembro. Quando ficou sabendo das declarações de McCain, Hagee também rompeu com o republicano. O pastor divulgou um comunicado no qual dizia estar "cansado desses ataques sem fundamento". "Os críticos distorceram flagrantemente minha posição sobre assuntos que eu prezo muitíssimo", declarou.Analistas afirmam que o rompimento com Parsley pode ter conseqüências mais graves. Em 2004, o pastor foi apontado como responsável pelo grande comparecimento dos evangélicos às urnas, que muitos afirmam ter sido fundamental para a vitória do presidente George W. Bush em Ohio.

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