domingo, 18 de maio de 2008

Inquérito cita Paulinho 75 vezes

Por Fausto Macedo e Roberto Almeida
no Estado de São Paulo

O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, pediu arquivamento do caso BNDES ao corregedor da Câmara, Inocêncio Oliveira (PR-PE), alegando que seu nome foi citado apenas três vezes na investigação da Polícia Federal. Mas o inquérito Santa Tereza, missão conjunta da PF com a Procuradoria da República que apura desvios de verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, revela que o nome do parlamentar é citado pelo menos 75 vezes.Apenas no relatório 10, o último produzido pela Polícia Federal, Paulinho aparece 26 vezes - ora é citado pelas iniciais PA, ora é Paulinho, ora é o deputado federal Paulo Pereira da Silva.Também é "chefe" e "chefe maior" de João Pedro de Moura, o lobista a quem os federais atribuem papel crucial no esquema BNDES, e do coronel Wilson Consani, apontado como araponga de Paulinho para missões ainda não esclarecidas. O pedetista é mencionado em todas as etapas da investigação, passo a passo, inclusive na fase que antecedeu a operação e também após as prisões, que foram realizadas na manhã de 24 de abril.Até conversas dele ao telefone estão lançadas nos autos da Operação Santa Tereza. Longos diálogos, um deles com o advogado Ricardo Tosto, ex-conselheiro do BNDES - no qual, para a Procuradoria da República, Paulinho planeja desqualificar a investigação, usando de suas influências políticas na Câmara para pressionar a PF e o ministro da Justiça, Tarso Genro.Paulinho é citado freqüentemente, muitas vezes na transcrição de diálogos entre os mentores do golpe, outras vezes em anotações e observações dos analistas federais, responsáveis pelas interceptações telefônicas e procedimentos de vigilância externa dos alvos da operação.
MOCHILA
Até filmado ele foi, dentro da Câmara, ao lado de Moura, seu antigo aliado. Os federais seguiam o lobista e o pegaram entrando no gabinete de Paulinho com uma mochila.Os investigadores associam Paulinho aos nomes mais importantes na estrutura da organização que se infiltrou em administrações municipais e no BNDES. São três os nomes mais próximos a Paulinho, segundo a PF: Moura, que está preso no Cadeião 2 de Guarulhos, Consani, homem de confiança do deputado, e Tosto."Em áudio capturado na data de 23 de abril, às 23h53:29, coronel Consani, assessor de Paulinho na Força Sindical, conversa com Paulinho (deputado federal Paulo Pereira da Silva)", assinala relatório da PF. "Falam a respeito da operação que está prestes a ser deflagrada."Outra escuta pegou Tosto e José Gaspar, vice-presidente estadual do PDT. "Comentam sobre as atitudes de Paulinho, falam que ele está perdendo a imagem de bom moço que ele passou durante a campanha e que também irá passar uma imagem de truculento, fascista e incompetente porque as ações que ele irá intentar serão consideradas ineptas (ações que Paulinho pretende intentar contra a imprensa que noticiou sobre liberação de verbas)."

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