segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

PF afirma que Silas Rondeau encontrou dono da Gautama

Por Leonardo Souza e Andréa Michael
na Folha de São Paulo

O empreiteiro Zuleido Veras, dono da construtora Gautama, esteve no gabinete de Silas Rondeau (Minas e Energia) duas semanas antes do suposto pagamento de R$ 120 mil ao então ministro, de acordo com relatório da Diretoria de Inteligência da Polícia Federal, ao qual a Folha teve acesso.Segundo o documento da PF, elaborado como resultado da Operação Navalha, Zuleido e Sérgio Sá, lobista da Gautama, foram ao gabinete de Rondeau tratar de um aditivo a um contrato da Cepisa (estatal de energia do Piauí) com a empreiteira, que venceu licitação de uma obra no âmbito do programa Luz para Todos.O projeto seria financiado pela Eletrobrás, subordinada ao Ministério de Minas Energia. A PF relata que a reunião entre Zuleido, Sá e Rondeau teria ocorrido no dia 27 de fevereiro do ano passado. O diagrama da Diretoria de Inteligência detalha passo a passo as movimentações do empreiteiro e de seus funcionários até o suposto pagamento de R$ 120 mil a Rondeau no dia 13 de março, episódio que contou com a participação de Ivo Costa, assessor especial do ex-ministro.O relatório da PF é a base da denúncia que deve ser oferecida pelo Ministério Público Federal nos próximos dias contra os 42 indiciados na Operação Navalha, que desbaratou a quadrilha chefiada por Zuleido, envolvida numa série de fraudes em licitações de obras públicas. Não fica claro no relatório se o aditivo ao contrato chegou a se concretizar.Segundo a revista "IstoÉ", que divulgou o diagrama da PF no final de semana, Rondeau e Ivo divergiram nos depoimentos ao Superior Tribunal de Justiça. O ex-ministro diz que não há registro de visita de Zuleido a seu gabinete. Ivo confirma que Zuleido esteve uma vez com Rondeau, junto com o lobista Sérgio Sá. A Folha deixou recado na casa do advogado de Rondeau, José Gerardo Grossi, mas ele não telefonou de volta.O relatório da PF informa uma série de eventos entre a reunião no gabinete de Rondeau e o suposto pagamento. Há transcrições de conversas telefônicas, fotografias e reprodução de documentos, como as agendas de Zuleido e de Gil Jacó Carvalho Santos, diretor financeiro da Gautama. Na agenda de Gil, há várias anotações sobre pagamentos a pessoas. Uma delas é "120.000-ministro BSB". Para a PF, o registro "se refere, provavelmente, à programação de remessa de propina para Brasília, destinada a Silas Rondeau".Em diálogo em 9 de março, quatro dias antes do suposto pagamento, Zuleido conversa com uma funcionária da Gautama sobre o valor a ser pago a Ivo, que a PF identifica como então assessor do ex-ministro.

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