domingo, 10 de fevereiro de 2008

'Fazendeiro' Beira-Mar mantém estrutura do tráfico no Paraguai

Por Marcelo Auler
no Estado de São Paulo

Na Fazenda Campanaí, a 18,8 quilômetros da fronteira de Aral Moreira (MS) com a cidade paraguaia de Capitán Bado, 4 mil cabeças de gado continuam espalhadas no pasto e 8 mil tilápias, no lago artificial. São a parte visível de um esquema criminoso que continua intacto, apesar do esforço de policiais, procuradores e da Justiça Federal. As criações de gado e peixes são fruto direto do tráfico de drogas para o Brasil, em especial para o Rio. A fazenda - com pista de avião de 1 quilômetro, piscina e ampla casa - pertence a Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, preso na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS).A parte oculta desse esquema só é revelada esporadicamente. Como na apreensão pela Polícia Federal, em 10 de dezembro, de 20 toneladas de maconha, saídas do Paraguai em uma carreta com carvão. Ela seria distribuída entre traficantes de São Paulo, Rio e Minas, num “consórcio” capitaneado pelo grupo de Beira-Mar. Com o consórcio, os bandidos não só barateiam o preço pago aos produtores, como repartem o custo - e riscos - do transporte. A droga foi apreendida quando era descarregada, num sítio de Conceição das Alagoas (MG).Apesar de bem-sucedida, a operação representou uma gota d’água no oceano. Os traficantes brasileiros, Beira-Mar à frente, trazem para o País cerca de 80% das 12 mil toneladas anuais de maconha produzidas no Paraguai. Se dependesse da Justiça brasileira, a fazenda e os animais de Beira-Mar no Paraguai estariam confiscados. Em novembro, graças à Operação Fênix, realizada pela PF de Curitiba e Brasília com a Procuradoria da República, o seqüestro dos bens do traficante foi determinado pela 2ª Vara da Justiça Federal no Paraná. O pedido foi enviado ao Judiciário paraguaio, que não deu resposta oficial. Procurada pelo Estado, a Fiscalía General, o Ministério Público do Paraguai, não soube informar o que ocorreu com a solicitação.

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