sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Manobra por terceiro mandato é nazista, diz FHC

Por Ana Paulo Scinocca
no Estado de São Paulo

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem, no primeiro dia do 3º Congresso Nacional do PSDB em Brasília, que não é possível o Brasil aceitar "recuo nenhum" dos princípios democráticos e nada que leve à idéia de continuísmo. "Não há mais razão para que se discuta um enésimo mandato." Aplaudido de pé, FHC disse que o atual governo tem feito uma "confusão nociva" à democracia. "Estão confundindo manobras que levam a consultas e plebiscito com democracia", observou. "Hitler e Mussolini foram eleitos, ainda que ditadores." Em discurso de improviso de 39 minutos, o ex-presidente foi a estrela do evento, que termina hoje, e cobrou de seu sucessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma declaração firme de que é contrário ao terceiro mandato. "Espero que o presidente Lula, com mais clareza, diga agora: Sou contra", afirmou. "Há que dizer ao País, e não dizer como disse a respeito do mensalão, que não se sabe, não está provado. Precisamos renovar o sentimento profundo dos valores da democracia, e não se trata apenas das eleições", observou. "Presidente não pode passar a mão na cabeça de aloprado nenhum. Lugar de aloprado é no hospício, e não próximo ao presidente. E lugar de ladrão, sem dúvida, é na cadeia."FHC ressaltou que não estava acusando o presidente de tal manobra. "Se eu estivesse acusando o presidente Lula, teria de propor seu impeachment", afirmou. "Estou dizendo que existe esse risco e esse risco está no ar e em ações que comecem a se organizar." Ao ressaltar que no atual governo houve avanços - "não nego, não é o meu estilo" -, FHC advertiu: "Avançamos em setores, mas regredimos na democracia. Deixamos que nosso país se amesquinhasse. Não é preciso ser vulgar para ser popular." Interrompido por gritos de "volta, volta", Fernando Henrique fez elogios ao governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas, Aécio Neves. Os dois fizeram discursos rápidos. Serra mencionou aspectos fundamentais para o desenvolvimento do País. Chamou atenção o comentário de Aécio, que chegou atrasado enquanto Serra discursava. "Me senti pela primeira vez na vida como o Serra, o último a chegar sempre e a atrapalhar o discurso do outro. Por isso peço desculpas."O presidente do PTB, Roberto Jefferson, participou do principal painel do evento tucano. O presidente do PPS, Roberto Freire, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e o senador Marco Maciel (PE), ambos do DEM, e o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) também estiveram no congresso.

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