quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Relator de processo diz que defesa de Renan não convence

por Gabriela Guerreiro e Renata Giraldi
na Folha online

Depois de receber a defesa do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) no terceiro processo em que é acusado de quebra de decoro parlamentar, o senador Jefferson Peres (PDT-AM) não se mostrou convencido com os argumentos apresentados pelo peemedebista. Relator do caso no Conselho de Ética, Peres vai colher provas testemunhais para firmar convicção sobre o suposto envolvimento de Renan na compra de um grupo de comunicação em Alagoas por meio de "laranjas".
"Nesse processo hoje, não sei se condeno ou absolvo o senador Renan. De repente, surge uma coisa nova, uma testemunha. Quem sabe isso já seria uma prova? Prova testemunhal também vale", disse Peres.
O relator vai encaminhar a defesa de Renan ao usineiro João Lyra, responsável pelas acusações contra Renan. Peres está disposto a ouvir Lyra em Alagoas, já que o usineiro não está disposto a comparecer ao Senado para uma eventual acareação com Renan. "Eu espero que ele se manifeste sobre a defesa do Renan", disse o senador.
Peres havia fixado esta quarta-feira como prazo limite para que Renan enviasse sua defesa ao Conselho de Ética. O senador usou dois advogados para apresentar o texto, no qual faz duros ataques a Lyra.
A estratégia do senador, no texto, é desqualificar o usineiro para que as denúncias reveladas por ele não tenham credibilidade entre os parlamentares. Renan afirma que Lyra se tornou seu adversário político nas disputas locais e acabou derrotado pelo seu grupo político nas últimas eleições --motivo que teria levado o usineiro a atacá-lo.
"O depoimento e as falsas denúncias do ex-deputado João Lyra carregam o estigma da maldade, do rancor, da vontade de prejudicar o representado. São acusações inidôneas desferidas por um inimigo capital, confessadamente adversário político", diz Renan.
O peemedebista nega qualquer envolvimento na operação da compra das empresas de comunicação por meio de laranjas. Além de encaminhar o texto ao conselho, o presidente licenciado do Senado também enviou o documento aos 80 senadores --na tentativa de conquistar apoio para ser absolvido no processo.

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