quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Em defesa, Renan chama ex-sócio de "empresário desacreditado" e "inimigo"

por Gabriela Guerreiro
na Folha online

O presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), encaminhou hoje ao Conselho de Ética da Casa sua defesa no terceiro dos cinco processos a que responde por quebra de decoro parlamentar. No documento, Renan parte para o ataque contra o usineiro João Lyra ---que acusa o peemedebista de ter firmado sociedade oculta para a compra de empresas de comunicação em Alagoas.
A Folha Online apurou que, na defesa, Renan argumenta que João Lyra se tornou seu inimigo político em Alagoas --por isso teria feito a acusação do uso de "laranjas" para a compra de duas rádios e um jornal.
A estratégia do senador, no texto, é desqualificar o usineiro para que as denúncias reveladas por ele não tenham credibilidade no Senado.
Renan afirma, na defesa, que Lyra se tornou seu adversário político nas disputas locais e acabou derrotado pelo seu grupo político nas últimas eleições. Por vingança, teria decidido derrotá-lo politicamente em meio à crise que atingiu o senador depois dele ser acusado, no final de maio, de receber recursos da Mendes Júnior para pagar despesas pessoais.
O presidente licenciado do Senado afirma que Lyra é um "empresário desacreditado" que reponde a processos na Justiça, o que não lhe confere credibilidade para fazer denúncias contra um senador. "O depoimento e as falsas denúncias do ex-deputado João Lyra carregam o estigma da maldade, do rancor, da vontade de prejudicar o representado. São acusações inidôneas desferidas por um inimigo capital, confessadamente adversário político", diz o texto.
Renan acusa Lyra de envolvimento em uma série de crimes em Alagoas, que vão desde o uso de "laranjas" para a compra de um jornal até assassinato.
A defesa foi elaborada pelos advogados Davi de Oliveira Rios e José Fragoso Cavalcanti, que encaminharam o texto aos 80 senadores e ao Conselho de Ética. O senador Jefferson Peres (PDT-AM), que relata o processo no conselho, havia definido hoje como data limite para Renan encaminhar sua defesa ao órgão.
Acusação
Lyra afirma que comprou um grupo de comunicação em sociedade de Renan com o uso de ""aranjas" na operação, entre eles o empresário Tito Uchoa. O usineiro se recusou a participar de acareação com Renan, mas prestou depoimento ao corregedor do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP).
Peres não descarta colher um novo depoimento do usineiro em meio às investigações do conselho, já que é considerado testemunha-chave no terceiro processo contra o peemedebista. O relator promete concluir as investigações do caso até o dia 15 de novembro.

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