quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Até então estava tudo sob controle

Estava lendo uma entrevista que o governador Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, concedeu ao Jornal Opção logo após a sua reeleição em 2006. Lendo a entrevista, percebe-se um Cidinho muito diferente do Cidinho de hoje. Vemos o seu otimismo. “Está tudo sob controle” disse o governador reeleito ao ser questionado se as contas fechariam normalmente. Em pensar que no ano seguinte Cidinho diria que o Estado era paquidérmico, que precisava de uma reforma administrativa. Imagine se em 2006 ele falasse que o Estado não estava sob controle, que era preciso refazer tudo porque tudo estava errado?

Está tudo sob controle. Estamos fazendo os ajustes adequados e vamos fechar as contas. Não digo que vamos fechar totalmente as torneiras, porque o Estado não pode parar, mas adotamos uma política rígida de contenção de gastos. Vamos ser parcimoniosos com os investimentos, no momento.

E o Estado parou em 2007. Tudo girou em torno da tal reforma administrativa. O Cidinho otimista de 2006 deu lugar ao Cidinho preocupado em 2007. Em 2008, o governo anunciou o fim do déficit mensal de R$ 100 milhões. Imagine se em 2006 o Estado não estivesse sob controle? Quer dizer que Marconi Perillo não é o único culpado pela quebradeira do Estado. Cidinho também tem sua parcela de culpa. Ele participou de um governo auto-denominado Tempo Novo que estragou Goiás tal qual o Tempo Velho (formado pelo PMDB de Iris Rezende e Maguito Vilela) que eles disseram combater.

O governo não tem transição, porque é de continuidade. O que posso dizer é que vamos começar o segundo governo com os pés no chão, respeitando sempre a matemática, ou seja, vamos aplicar aquilo que arrecadarmos. Estamos apostando no crescimento econômico do Estado.

Este mesmo governo que tenta se livrar do esqueleto deixado por Marconi Perillo (ainda escreverei a respeito hoje) dizia que continuaria fazendo o que Marconi fez. Não adianta o secretário da Fazenda Jorcelino Braga dizer que encontrou um Estado em pedaços. O governo que ele faz parte é uma continuação do governo anterior. E isso sempre foi dito nos discursos de campanha em 2006. Não me venham com conversa mole. Marconi e Alcides são culpados pelos esqueletos que eles esconderam. Em 2006 Alcides e Marconi não eram unha e carne? Por que separa-los quando o desastre do Tempo Novo que eles tanto anunciavam está tão evidente?

Marconi tem potencial para ocupar cargos mais altos no país. O projeto que ele abraçar, eu estarei junto, apoiando-o em tudo. Marconi foi uma peça chave de minha campanha vitoriosa e é um político moderno, ousado e extremamente capaz. Ele nasceu para fazer política. Vai ser uma presença forte no Senado.

Veja que Cidinho estaria junto de Marconi em todos os projetos que este abraçasse. Pois é, a partir de 2007 Cidinho tentou descolar de Marconi depois que não pode mais esconder os esqueletos que o Tempo Novo dele e de Marconi tamparam com bastante propaganda. Ah, em 2006 Cidinho disse que Marconi seria “uma presença forte no Senado”. Semana passada o senador tucano foi homenageado na Assembléia Legislativa por causa dos seus feitos em favor de Goiás no Senado. Alcides Rodrigues compareceu ao evento? Mandou seu vice. Ou Marconi não fez nada por Goiás, ou Cidinho é um mal agradecido.

E Cidinho disse, em 2006, que não seria um “governador de gabinete”:

Não serei um governador de gabinete. Não gosto de ficar enclausurado num gabinete e respeito todos os meus auxiliares, mas gosto de ouvir a opinião das pessoas diretamente. Sou daqueles políticos que sabem ouvir as pessoas, não importando a sua classe social. Vou percorrer todo o Estado e vou verificar pessoalmente a aplicação de todos os programas. Não serei um governador de relatórios, daqueles que se informam basicamente com base em textos de auxiliares. A sensibilidade de um político é ampliada pelo contato direto com as pessoas. Sou, digamos, um governador-participante. E, sobretudo, não corro de desafios. O Estado vai ter suas contas ajustadas e, ao mesmo tempo, com capacidade para investir. Pode anotar.

Sim, senhor governador. Já anotei. Mas eu pergunto: será que estas contas foram ajustadas mesmo? Por que ainda em 2006 Cidinho não avisou que faria uma reforma administrativa para ajustar as contas do Estado? E esta conversa de que Alcides Rodrigues não seria governador de gabinete é piada. Tantas vezes no ano passado ele se trancou no gabinete e não cumpriu o compromisso de anunciar os itens da reforma administrativa. Tantas vezes Cidinho fugiu para a sua fazenda no Pará enquanto seus assessores e secretariados trocavam farpas entre si.

Por falar em piada, o Tempo Novo virou uma piada. Só Carlos Alberto Leréia ri desta piada. Não sei onde ele vê tanta graça.

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