terça-feira, 27 de maio de 2008

PF intima mulher de Paulinho

Por Fausto Macedo e Roberto Almeida
no Estado de São Paulo

A Polícia Federal intimou Elza de Fátima Costa Pereira, tesoureira do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e mulher de Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força - deputado pelo PDT paulista que a Operação Santa Tereza incluiu em organização criminosa supostamente criada para desvio de verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A PF também convocou para depor o vice-presidente da Força Sindical, Eleno José Bezerra, o vice-presidente estadual do PDT, José Gaspar Ferraz de Campos, e José Brito de França, ex-assessor parlamentar do deputado Roberto Santiago (PV-SP). Os três são citados na investigação.A blitz federal ocorreu em 24 de abril, após 5 meses de apuração e interceptação telefônica. Treze são os réus da ação penal em curso na 2.ª Vara Federal de São Paulo, denunciados pela Procuradoria da República por formação de quadrilha, peculato, tráfico internacional de mulheres, lavagem de dinheiro e uso ilícito de dinheiro público.A Polícia Federal afirma que a boate WE Original, que movimenta cerca de R$ 10 milhões por ano, era reduto do esquema BNDES. O empresário Manuel Fernandes Bastos Filho, o Maneco, dono da WE, mesmo foragido tentou sacar R$ 1 milhão de conta bancária de um familiar dele, mas o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou e bloqueou a transação.Os agentes que participaram da investigação querem saber de Elza Pereira a origem de recursos depositados em conta do Centro de Atendimento Biopsicossocial Meu Guri, organização não-governamental que ela preside. Eles suspeitam que parte do dinheiro que o BNDES liberou em forma de empréstimos a prefeituras e empresas privadas teria sido destinada à ONG de Elza. Foi identificado pelo menos um depósito de R$ 37, 5 mil em favor da Meu Guri, realizado no dia 1º de abril, auge do esquema BNDES.O repasse foi feito pelo lobista João Pedro de Moura, amigo e aliado de Paulinho. A Moura, preso desde 24 de abril por ordem judicial, a PF e a Procuradoria da República atribuem o papel de mentor e principal operador da trama com recursos públicos - que teriam sido repartidos entre os integrantes da organização depois de transitar pelo caixa de administrações municipais que tomaram financiamentos do banco de fomento.Elza não é ré no processo criminal, mas a PF suspeita que a ONG que ela dirige foi usada para ocultar e lavar dinheiro ilícito. Ao se referir à Meu Guri, os federais fazem anotação taxativa no Relatório de Inteligência Policial (RIP) nº 11, à página 29. "De posse do dinheiro desviado dos recursos provenientes do BNDES, cada integrante da organização criminosa adotou um mecanismo para ocultação deste capital, lavagem de dinheiro."O comprovante do depósito na conta da Meu Guri foi encontrado na casa do lobista, que ontem foi interrogado na Justiça Federal. Moura está preso preventivamente."Essa instituição (Meu Guri) está relacionada com a Força Sindical e tem como presidente a pessoa de Elza Pereira, esposa de Paulinho", ressalta o relatório.A PF também investiga a ONG Luta e Solidariedade, que teria ligações com Eleno Bezerra, aliado de Paulinho. Os agentes localizaram depósito de R$ 82 mil na conta da ONG.Leonidas Scholz, criminalista com duas décadas e meia de atuação nos tribunais, assumiu a defesa de Paulinho. "À luz de tudo o que eu li (dos autos) é possível concluir que (as acusações da PF) não passam de presunções", declarou o advogado. Ele não aceita os critérios que a PF usa para supor que PA é Paulinho - as duas letras estão grafadas em documentos apreendidos e são citadas em grampos telefônicos. "PA pode ser Paulo Alberto ou Pedro Antonio", rebate o criminalista.

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