terça-feira, 27 de maio de 2008

Déficit externo chega a US$ 14 bi

Por Fernando Nakagawa e Fabio Graner
no Estado de São Paulo

A conta corrente do balanço de pagamentos (transações de comércio, serviços e rendas do Brasil com o exterior) acumulou déficit de US$ 14,1 bilhões de janeiro a abril. Foi o pior resultado da história para o período, de acordo com o Banco Central.O valor acumulado já é maior que a previsão do BC de resultado negativo de US$ 12 bilhões para todo o ano. Apenas em abril, o indicador que mede a entrada e saída de dólares do País teve déficit de US$ 3,310 bilhões.Apesar da piora, o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, afirma que o quadro não é preocupante. Para ele, o ingresso de investimento estrangeiro direto (IED), voltado para a produção, será suficiente para cobrir a saída de dólares."A situação é tão confortável que até o capital estável, que é o IED, financia todo o déficit. No passado, nós tivemos que recorrer a outras fontes de financiamento para fechar o balanço", disse Altamir. Ele lembrou que o déficit em conta corrente acumulado em 12 meses somou US$ 14,655 bilhões, valor equivalente a 1,08% do Produto Interno Bruto (PIB). O saldo negativo no período foi o maior desde agosto de 2002, quando ficou em US$ 15,321 bilhões. Enquanto isso, o IED no mesmo período somou US$ 37,219 bilhões, o equivalente a 2,75% do PIB.Em abril, o País recebeu US$ 3,872 bilhões em investimentos diretos, valor recorde para o mês. De janeiro a abril, o IED atingiu a marca recorde para o período, de US$ 12,671 bilhões.O déficit tem crescido por causa do enfraquecimento da balança comercial e do aumento das remessas de lucros ao exterior pelas empresas estrangeiras instaladas no País. Os dois movimentos estão relacionados à valorização do real, que desestimula exportações e favorece as importações e as remessas.Para os próximos meses, Altamir espera que o déficit não mantenha o mesmo ritmo, por conta de um desempenho melhor do comércio exterior, com o fim da greve dos auditores fiscais."A expectativa é de acomodação. O déficit não vai continuar com esse crescimento. Esperamos uma regularização dos fluxos comerciais", disse, ao lembrar que em maio, até o dia 18, a balança comercial acumula saldo positivo de US$ 2,2 bilhões, o melhor mês deste ano. Até agora, a tendência foi outra. Com o forte aumento das importações e um comportamento menos dinâmico das exportações, a contribuição positiva do comércio exterior para o saldo externo vem caindo há vários meses e somou US$ 1,744 bilhão no mês passado - 41% do registrado em abril de 2007.Ao mesmo tempo, a conta de serviços e rendas teve déficit de US$ 5,331 bilhões, cifra 97,6% maior que a de igual período de 2007. Houve, ainda, transferências unilaterais de US$ 276 milhões.

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