sexta-feira, 17 de abril de 2009

Dantas acusa Protógenes de forjar prova e fazer escuta ilegal

Por Hudson Correa
na Folha

O empresário Daniel Dantas, dono do grupo Opportunity, afirmou ontem à CPI dos Grampos que houve escuta ilegal (sem autorização da Justiça) e montagem de gravações na Operação Satiagraha da Polícia Federal, de julho do ano passado, quando ele foi preso sob a acusação de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção ativa. Dantas acusou o delegado Protógenes Queiroz "pela armação".O diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, disse que não comentaria as declarações de Dantas. A reportagem não localizou Protógenes, que sempre negou escuta ilegal.Durante seis horas e meia, Dantas usou a maior parte do tempo para se defender e atacar a investigação da PF."Foram escutas ilegais praticadas pelo Protógenes e sua equipe. Não sei se [usando a estrutura] da PF ou da Abin [Agência Brasileira de Inteligência]", disse. "Essas gravações estão mutiladas, têm enxertos, têm subtrações. Não existem os originais. Os originais desapareceram."O banqueiro apresentou um laudo assinado pelo perito Ricardo Molina que comprovaria montagem na gravação do vídeo em que seu ex-executivo Humberto Braz teria oferecido propina de US$ 1 milhão para um delegado federal abafar a investigação da Satiagraha."Tem o vídeo [do encontro de Braz com o delegado] e tem o áudio e foi apresentado, em rede nacional, o vídeo com o áudio. Depois foi descoberto que o vídeo é feito por um equipamento e o áudio por outro. E o vídeo não corresponde ao áudio. O áudio é separado do vídeo. Há montagem", afirmou.Laudo de outros peritos, disse Dantas, atesta a escuta ilegal.No total, foram mais de nove horas de gravação ambiental de conversas em restaurantes, com autorização da Justiça. No processo em que Dantas acabou condenado por corrupção ativa, o procurador da República Rodrigo de Grandis transcreveu os diálogos considerados mais importantes, que fundamentam a acusação.O relatório final do corregedor da PF Amaro Vieira Ferreira sobre os supostos abusos cometidos por Protógenes durante as investigações diz que foi achado em um hotel em São Paulo, no qual o delegado se hospedava, vídeo que seria a prova de que jornalistas da Globo foram os autores da filmagem da tentativa de suborno. Os jornalistas, diz Ferreira, se deixaram filmar num espelho. Leia mais aqui.

Nenhum comentário: