sábado, 18 de abril de 2009

Chávez aumenta cerco a opositores

Por Ruth Costas
no Estadão

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, continua gastando horas e horas de seu programa de TV semanal para negar que haja perseguição política na Venezuela, mas, segundo analistas, alguns fatos parecem falar por si. Quase todas as figuras de destaque da oposição e da dissidência estão sendo processadas ou tiveram prisão decretada. No total, 272 políticos estão impedidos de participar de eleições por 15 anos. Desde 2002, mais de 20 opositores e dissidentes ficaram detidos por até seis anos sem que fossem emitidas sentenças sobre seus casos, segundo a ONG Foro Penal Venezuelano. Também foram presos e estão impedidos de deixar o país mais de 200 estudantes que participaram de protestos. Enquanto isso, nenhum chavista de peso está sendo investigado, ainda que as denúncias contra aliados do presidente por corrupção, improbidade administrativa e evasão fiscal sejam tão ou mais numerosas que as dirigidas contra seus rivais. Ou a Venezuela é um caso único no mundo em que as "maçãs podres" só estão num lado do espectro político local, ou a Justiça, o Legislativo e a força pública do país estão usando parâmetros diferentes para lidar com denúncias quando seus alvos são chavistas e opositores. "Chávez está no poder há dez anos. Seus aliados ocupam todos os postos do governo central e a maior parte dos locais - é absurdo pensar que não há casos de corrupção entre eles", disse ao Estado o cientista político Sadio Garavini, da Universidade Central da Venezuela. "Até a família do presidente, no Estado de Barinas, é acusada de enriquecimento ilícito."Para o analista político Herbert Koeneke, da Universidade Simón Bolívar, Chávez está aumentando as ofensivas contra a oposição agora para garantir que não terá problemas políticos nos próximos meses, quando a crise econômica apertar, colocando em xeque sua popularidade. "Com o apoio do Judiciário e da Assembleia Nacional, chavista, ele está tirando de cena opositores que poderiam vencer eleições", diz Koeneke. O cerco contra os rivais começou a se fechar antes das eleições regionais de novembro, quando a Suprema Corte impediu os 272 políticos de se candidatar - 90% deles opositores e boa parte dos outros 10%, dissidentes. A justificativa foi o fato de eles serem "suspeitos" de corrupção ou terem participado do golpe fracassado contra Chávez, em 2002. Leia mais aqui.

Nenhum comentário: