segunda-feira, 2 de junho de 2008

Lula vê ''guerra necessária'' em defesa do etanol

Por Lisandra Paraguassú
no Estado de São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recorreu a uma metáfora bélica ao anunciar como "uma guerra necessária" a que vai travar no cenário internacional em defesa do etanol. Lula, que está na Itália, afirmou que o etanol brasileiro é alvo de uma campanha difamatória que, por vezes, acontece dentro do próprio País. "Mas é uma guerra necessária e o Brasil tem de entrar nela preparado.""Essa difamação é de todo mundo, inclusive nossa, no Brasil. Eu tenho dito que, cada vez que falarmos qualquer coisa agora, precisamos saber como isso vai ser usado contra nós na OMC (Organização Mundial do Comércio)", disse o presidente, ontem, ao receber a imprensa para uma conversa na embaixada do Brasil em Roma."O Brasil hoje não é um coadjuvante na política comercial mundial. É hoje um exportador principal de vários produtos. Na medida em que começa a ser um artista principal, começa também a ser muito mais visado, e as pessoas começam a bater."Lula abre amanhã, com seu discurso, a Conferência de Cúpula do Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês), na qual a inflação mundial dos alimentos será debatida e, mais uma vez, os biocombustíveis deverão ser acusados de causar boa parte da alta nos preços.Lula argumenta que, apesar das críticas, até agora ninguém apresentou outra alternativa ao petróleo que tenha melhor resultado em emissão de gases estufa que o etanol brasileiro.Na entrevista, Lula responsabilizou os especuladores pela alta do preço do petróleo. "Não tem nenhum sentido o petróleo estar a US$ 145, US$ 140 o barril. Dizer que é apenas o aumento do consumo na China não é tão convincente", afirmou. Lula disse que se reunirá com o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, na quarta-feira, para conversará sobre o tema, mas negou a hipótese de a empresa adotar congelamento de preços. O presidente voltou a rechaçar as críticas feitas ao desmatamento no País. "A União Européia só tem 0,3% da sua mata original. Então, quando for falar com Brasil, primeiro olha o seu mapa", criticou. Para Lula, os estrangeiros precisam entender que a Amazônia "pertence aos países amazônicos". "Depois eles podem contribuir para que a gente tenha modelo de desenvolvimento compatível com a nossa floresta em pé. Mas até agora tem muitas palavras e pouco dinheiro."Lula também rechaçou as críticas do relatório recente da Anistia Internacional, que comparava o trabalho nas lavouras de cana-de-açúcar a condições de escravidão. "Todo mundo sabe que o trabalho na cana é duro. Mas não é mais duro do que o trabalho em uma mina de carvão, que foi a base de desenvolvimento da Europa. Pegue um facãozinho e passe um dia cortando cana e desça numa mina a noventa metros de profundidade para explodir dinamite para você ver o que é melhor."

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