sábado, 7 de junho de 2008

Desemprego e petróleo derrubam Bolsa nos EUA

Na Folha de São Paulo com The New York Times

A Bolsa de Nova York teve o seu segundo pior dia desde março de 2003, com os dados de desemprego voltando a criar temores sobre os rumos da economia americana e os investidores optando por commodities como o petróleo e o ouro, que dispararam.O índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York, caiu 3,13%, superando o resultado de 5 de fevereiro (desvalorização de 2,93%), que tinha sido o pior do ano até então.A maior queda nos últimos cinco anos foi registrada em 27 de fevereiro do ano passado, quando o índice Dow Jones caiu 3,29%, após as perdas expressivas na Bolsa de Xangai (China) gerarem uma onda de temor pelos mercados financeiros mundiais.O S&P 500, índice da Bolsa de Nova York formado pelas 500 grandes empresas americanas, e Nasdaq, de companhias de alta tecnologia, caíram 3,09% e 2,96%, respectivamente, os piores resultados desde 5 de fevereiro. As Bolsas européias, que fecharam antes da americana, também tiveram um dia negativo: Paris caiu 2,28%, Frankfurt, 1,99%, e Londres, 1,48%. No Brasil, a Bovespa teve queda de 2% (leia texto na pág. seguinte).Com a taxa de desemprego dos EUA tendo, em maio, o seu maior avanço em 22 anos, investidores buscaram aplicações consideradas mais seguras, como o petróleo (que teve a sua maior alta num dia). A conseqüência foi o temor de que os preços de energia possam desacelerar ainda mais a principal economia mundial."Se os preços do petróleo continuarem altos assim, será necessário reexaminar as estimativas do PIB, da inflação e da capacidade de gastos dos consumidores", afirmou Quincy Krosby, estrategista-chefe de investimento da empresa de serviços financeiros The Hartford. "Isso tem todos os elementos para o pior cenário possível para um investidor", disse.A economia americana cresceu 0,9% no primeiro trimestre do ano, superando a expectativa de analistas.O mercado imobiliário, no entanto, continua em crise, e o preço dos combustíveis tornou-se uma das maiores preocupações do consumidor americano, o que, ao lado do desemprego, continua a despertar preocupações de recessão nos EUA.Para Richard Sparks, analista da Schaeffer Investment Research, os mercados também estão sentindo os efeitos da redução da nota pela agência de classificação de risco Standard & Poor's de grandes bancos como Merrill Lynch e Morgan Stanley, no início desta semana. "Tudo isso chegou ao ponto máximo e está fazendo com que o bicho-papão saía novamente do armário."A taxa de desemprego nos EUA chegou a 5,5% no mês passado, 0,5 ponto percentual a mais que em abril, o maior aumento do índice em mais de duas décadas -ela era de 4,5% em maio do ano passado. A taxa está agora no seu maior nível desde junho de 2004.No mês passado, o mercado de trabalho dos Estados Unidos eliminou 49 mil vagas e já acumula no ano uma redução de 324 mil postos -o pior início de ano desde 2002, o que deve se refletir nos gastos do consumidor, que representam cerca de 70% do PIB do país.Apenas no setor de construção, epicentro da crise atual, o corte atingiu 34 mil trabalhadores. A indústria cortou 26 mil funcionários, e o varejo, 27,1 mil. A área de educação e serviços de saúde foi a que mais contratou em maio: 54 mil trabalhadores.

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