na Folha de São Paulo
As obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que dependem do Orçamento federal seguem em ritmo considerado "lentamente ridículo" por empresários ligados à área de infra-estrutura.Em contrapartida, a iniciativa privada, ao lado da estatal Petrobras e de alguns Estados, já tomou a dianteira na infra-estrutura do país.Como reflexo disso, o ritmo da criação de empregos formais na construção civil ligada a obras de infra-estrutura superou pela primeira vez o das contratações do setor de edificações residenciais e comerciais.Na quarta-feira, a Casa Civil apresenta novo balanço do PAC. Dados dos primeiros cinco meses do ano (até 28 de maio) do Siafi, em que consta a execução orçamentária federal, mostram que, de um orçamento de R$ 15,7 bilhões para o PAC autorizado para 2008, só 0,74% (R$ 116,7 milhões) foi desembolsado até agora.Já os investimentos das empresas, principalmente nos setores de petróleo, siderurgia e mineração, que também têm impacto positivo para a infra-estrutura rodoviária e portuária, ganharam novo ritmo.As obras e as contratações em oito lotes rodoviários concedidos pela União à iniciativa privada também contrastam com a execução de projetos liderados exclusivamente pelo Ministério dos Transportes.De um orçamento aprovado de R$ 9,5 bilhões para a pasta em 2008, apenas 1,12% foi liquidado nos primeiros cinco meses do ano. Mesmo considerando valores pagos que pertenciam a orçamentos de anos anteriores (restos a pagar), o total pago é inferior a 20%.Os dados foram levantados para a Folha pela ONG Contas Abertas. Procurados, o Ministério dos Transportes e a Casa Civil não quiseram comentar."Nunca na história deste país um governo esteve tão bem-intencionado, com palavras, na infra-estrutura. Mas continua extremamente defasado em relação ao que pretendia fazer", diz Luiz Fernando Santos Reis, presidente do Sinicon (Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada), com 450 filiados e que representa 60% do setor.Do lado privado, Reis elenca uma série de investimentos em siderurgia e em mineração (ThyssenKrupp CSA, Usiminas, Açominas e Vale, entre outras), papel e celulose e da Petrobras como carros-chefes da modernização da infra-estrutura. Segundo ele, o setor privado e a Petrobras respondem hoje por mais de 60% dos investimentos na área."As obras federais continuam andado com muita lentidão. De concreto e quase pronto, não há nada. Está tudo ainda muito no começo", afirma Paulo Fernando Fleury, diretor do Centro de Estudos em Logística do Coppead/UFRJ.Entre projetos em ritmo inadequado ou lento, Fleury cita as ferrovias Norte-Sul, a Transnordestina e o chamado Arco Metropolitano (espécie de Rodoanel) no Rio, além de obras para dragagem em portos."Já a questão do transporte aéreo aos poucos vai voltando a apresentar os mesmos problemas que desembocaram em uma grande crise", afirma.Para Carlos Eduardo Lima Jorge, diretor-executivo da Apeop (Associação Paulista dos Empreiteiros de Obras Públicas), no entanto, é questão de tempo para que as obras públicas comecem a agregar volume na infra-estrutura."As obras já começam a acontecer em Estados e municípios. Em nível federal, houve atraso em licenças ambientais, na realização de projetos e na própria execução. Mas há muita coisa sendo iniciada agora."No Estado de São Paulo, onde as 250 empresas da Apeop abocanham mais de 80% da receita com obras, a previsão para 2008 é de um crescimento no faturamento de até 7%, contra 3% em 2007.
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