sábado, 7 de junho de 2008

Dilma diz ser vítima de "fogo inimigo'; Tarso Genro a cita como "alvo político"

Por Renata Giraldi
na Folha de São Paulo

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), acusada de tráfico de influência na venda da VarigLog, afirmou ontem que foi "vítima de fogo inimigo". Em entrevista à rádio Gaúcha, do Rio Grande do Sul, Dilma afirmou que não acredita na existência de "fogo amigo", mas não citou nomes."Não acredito em fogo amigo. Acho que, mais uma vez, isso partiu de fogo inimigo", afirmou a ministra em entrevista concedida na manhã de ontem, por telefone, ao programa "Atualidade".Dilma negou as acusações feitas por Denise Abreu, ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Segundo a ministra, sua interferência na venda da VarigLog limitou-se à decretação de falência do grupo com o objetivo de que a empresa pudesse ser vendida."Existia um grande apelo de diversos segmentos da sociedade para que a Varig fosse salva. Realmente ela ia se esfacelar. O que fizemos foi, através da lei de falência, garantir a mínima chance de venda", afirmou a ministra.Ao ser questionada sobre o fato de ter sido alvo de denúncias diferentes nos últimos meses, a partir do dossiê com informações sigilosas do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e agora com o caso VarigLog, Dilma Rousseff evitou tratar em detalhes sobre as razões que teriam motivado essas ações.Ao comentar o episódio do dossiê que acabou sendo o principal tema das discussões na CPI dos Cartões Corporativos, já concluída, Dilma voltou a citar que a responsabilidade pelo vazamento dos dados foi de José Aparecido Nunes Pires, ex-secretário de controle interno da Casa Civil. "No caso do dossiê, o responsável não está na Casa Civil [Aparecido pediu exoneração do cargo e foi interpelado pela CPI no Congresso]. Todo mundo sabe de onde partiu o vazamento desse documento", disse a ministra. O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse ontem que Dilma é um "alvo político". Genro disse que as acusações vão de encontro à trajetória da ministra.
"Obsessão"
"Conheço a ministra há mais de 30 anos, ela é uma pessoa obsessiva em relação à legalidade. Duvido que ela tenha acolhido, indicado ou orientado qualquer ato ilegal em relação à compra da Varig", afirmou.Questionado sobre o que teria motivado a acusação, que partiu da ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu, o ministro disse que "as denúncias fazem parte do imaginário político do país".Ele citou a importância política da chefe da Casa Civil como uma das causas pelas quais seu nome tem aparecido envolvido em escândalos."A ministra Dilma, pela competência que tem, por ter sido indicada para ser gerente do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], ela vira alvo político", disse. "Mas isso que está acontecendo em relação à Varig se choca contra toda uma trajetória de vida", afirmou Tarso Genro.

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