terça-feira, 29 de abril de 2008

Polícia é quem sabe do dossiê, afirma Dilma

Por Sérgio Dávila e Letícia Sander
na Folha de São Paulo

Indagada pela Folha como recebia a informação publicada por um jornal de que a Polícia Federal já teria o nome do autor do dossiê com gastos sigilosos do governo Fernando Henrique Cardoso montado pelo Planalto, Dilma Rousseff, a ministra-chefe da Casa Civil, respondeu: "Eu acho que vocês deveriam perguntar à Polícia Federal, porque o governo não tem conhecimento disso".Em seguida, bronqueou com os jornalistas presentes, que a acompanhavam à saída de um encontro de empresários brasileiros e americanos com o governo Bush, ontem, em Washington: "Agora, se essa é a discussão, acho que não tem cabimento eu estar aqui e responder questões sobre o Brasil".Na quinta-feira, a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, assinou portaria que prorrogou até 26 de maio a investigação interna aberta no mês passado para apurar o vazamento de informações da pasta. Ela atua como ministra interina até a volta de Dilma.A PF abriu inquérito após a Folha ter publicado que parte do dossiê saiu pronto do Planalto. A Comissão de Ética Pública, vinculada à Presidência, decidiu pedir explicações a Dilma sobre seu suposto envolvimento no episódio do dossiê.O pedido para que a comissão se pronunciasse partiu dos senadores Arthur Virgílio (PSDB-AM) e José Agripino (DEM-RN), que em 9 de maio enviaram ofício afirmando que o dossiê foi montado com base em dados levantados por subordinados de Dilma e que, até agora, ninguém foi punido.Ontem, o presidente do colegiado, Sepúlveda Pertence, disse ter enviado à ministra o teor do ofício, com pedido para que ela se manifeste, como é praxe. Dilma tem dez dias para responder questionamentos. O colegiado analisará as respostas no final de maio.Em outra decisão, a comissão arquivou a denúncia contra o ministro Hélio Costa (Comunicações) que, ao assumir a pasta, em 2005, transferiu uma rádio que estava em seu nome para seu chefe-de-gabinete, José Artur Filardi Leite, por R$ 70 mil. O caso foi revelado pela Folha em janeiro. A rádio, Sucesso FM, hoje está registrada em nome da mulher de Leite, Patrícia Moreira Leite, funcionária comissionada do Senado.

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