domingo, 27 de abril de 2008

É o que dá puxar o saco do governo

Seria interessante perguntarmos para os jornalistas goianos por que só a Folha de São Paulo noticiou que o governador Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, seria o próximo alvo da Polícia Federal na Operação Navalha. A imprensa daqui é puxa-saco do governo. O que é bom para o governo sai o que é ruim é escondido, como diria o ex-ministro Rubens Ricupero. Na sua coluna no Jornal Opção Euler de França Belém comenta o caso:

Mais uma vez, a im­pren­sa go­i­a­na dor­miu no ber­ço es­plên­di­do da te­se de que é o sor­ri­so do go­ver­no e a cá­rie da so­ci­e­da­de. Os lei­to­res lo­ca­is fi­ca­ram sa­ben­do do su­pos­to en­vol­vi­men­to de po­lí­ti­cos go­i­a­nos no es­que­ma co­nhe­ci­do co­mo Gau­ta­ma por re­por­ta­gem da Fo­lha de S. Pau­lo, as­si­na­da por An­drea Mi­cha­el. No dia se­guin­te, os jor­nais de Go­i­â­nia — o Pop es­tá ten­tan­do se tor­nar jor­nal "de" Go­i­ás — es­tam­pa­ram, sem dis­cri­ção, a no­tí­cia que não ha­via si­do pu­bli­ca­da lo­cal­men­te por que não qui­se­ram. Um pro­mo­tor che­gou a di­zer a um re­pór­ter do Jor­nal Op­ção: "Não adi­an­ta pas­sar in­for­ma­ções so­bre po­de­ro­sos de Go­i­ás. A mí­dia não pu­bli­ca na­da. Só di­vul­ga quan­do re­per­cu­te em Bra­sí­lia, São Pau­lo e Rio de Ja­nei­ro". As pa­la­vras do pro­mo­tor são mui­to ru­ins pa­ra to­dos nós, jor­na­lis­tas. Em Go­i­ás, a tra­di­ção é a se­guin­te: os jor­nais que­rem agra­dar pri­mei­ro o go­ver­nan­te-che­fe e em úl­ti­mo lu­gar os lei­to­res. Mes­mo quan­do o go­ver­nan­te-che­fe não cen­su­ra os jor­nais, pa­gan­do não pa­ra que o elo­gi­em e sim pa­ra não pu­bli­quem crí­ti­cas mais, di­ga­mos, "du­ras", os jor­nais, por um au­to-cen­su­ra in­tro­je­ta­da ao lon­go de mui­tos anos, se aco­mo­dam e não pu­bli­cam tu­do so­bre os fa­tos. Há sem­pre o de­se­jo de agra­dar. No Es­ta­do, so­bra go­ver­no e fal­ta ini­ci­a­ti­va pri­va­da. Li­be­ra­lis­mo e ne­o­li­be­ra­lis­mo, em­bo­ra dis­cu­ti­dos nas uni­ver­si­da­des e mes­mo na mí­dia, são pia­das na pe­ri­fe­ria do ca­pi­ta­lis­mo, on­de vi­ce­ja, co­mo fa­to qua­se eter­no, a von­ta­de es­ta­tis­ta.

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