sábado, 3 de maio de 2008

S&P cobra reformas e aperto fiscal

Por Carolina Ruhman
no Estado de São Paulo

Para continuar a subir na escala das notas de crédito de risco da agência de classificação de risco Standard & Poor?s, o Brasil precisará perseguir reformas econômicas que contribuam para a redução da dívida pública, afirmou ontem a diretora para ratings soberanos da agência, Lisa Schineller. Em uma entrevista concedida a analistas e jornalistas para falar sobre o status de grau de investimento concedido ao Brasil na quarta-feira, Lisa afirmou que, apesar da relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil estar na casa dos 47%, sete pontos porcentuais acima do nível considerado ideal para um país com grau de investimento, o Brasil obteve a classificação em razão do aumento da confiança dos investidores "na capacidade e disposição do governo de reduzir esta dívida". A diretora da S&P?s defendeu políticas que reforcem um declínio na relação dívida/PIB, destacando que a recomposição dos gastos e a redução em algumas despesas poderiam levar a uma forte redução da dívida. "Seja uma reforma da Previdência Social, seja uma reforma mais profunda em direção a outros tipos de composição de gastos governamentais", citou. Lisa considerou "uma proposta forte" o projeto de reforma tributária que está sendo discutido no Congresso.. Em sua visão, a reforma "aumentaria a eficiência e as perspectivas econômicas" do País, contribuiria para diminuir a dívida e ainda poderia melhorar as perspectivas de investimentos no País.Pelas suas previsões, no entanto, o declínio na relação dívida/PIB será "muito lento". "A política fiscal brasileira é expansionista", disse, enfatizando que a expansão na arrecadação e o ambiente econômico têm facilitado as altas taxas de gastos. Ela reconheceu, contudo, que "políticas para estimular ainda mais o crescimento também podem contribuir para a redução da dívida como porcentual do PIB."Lisa reconheceu a "forte necessidade" de investimentos em infra-estrutura no País e destacou a importância da participação do setor privado para evitar o aumento do gasto público.
CRESCIMENTO LENTO
Para Lisa, a taxa de crescimento do Brasil está mais forte do que era até recentemente, mas o ritmo ainda é fraco quando comparado ao de outros países emergentes. "Nós acreditamos que claramente houve um aumento nos gastos, acompanhado de um aumento na arrecadação. Isso não é algo que simplesmente aconteceu nos últimos dois anos, isso tem sido uma tendência dos últimos dez anos e não é algo que deve mudar rapidamente", disse. A diretora da agência de ratings afirmou que prevê uma desaceleração no ritmo de crescimento da arrecadação e, se isso se confirmar, "o crescimento dos gastos também deve desacelerar". Ela ressaltou que este é um "componente chave que nós incluímos em nosso conceito de uma abordagem pragmática de política progressiva".

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