segunda-feira, 7 de julho de 2008

Pela "paz", Chávez quer reabrir diálogo com EUA

Na Folha de São Paulo

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, expressou ao embaixador dos EUA em Caracas o desejo de seu governo de reabrir o diálogo com Washington em busca de paz, informou o departamento de imprensa da Presidência venezuelano."Não queremos guerra. Essas são mais armas para a paz", disse Chávez à Patrick Duddy após o desfile militar que, no sábado, comemorou os 197 anos da independência da Venezuela.Segundo a agência de notícias France Presse, Chávez deseja cooperação na luta contra o narcotráfico -o acordo com a agência americana foi suspenso em agosto de 2006.Na sexta-feira, Duddy havia manifestado sua preocupação com o que considera um aumento do tráfico de drogas da Colômbia para os EUA e a Europa através da Venezuela.A Venezuela negou as acusações dizendo ter confiscado 32,7 toneladas de drogas neste ano. O governo também disse que a droga que sai da Colômbia o faz pela costa do Pacífico.Chávez também recordou ao embaixador que seu antecessor, John Maisto, que serviu em Caracas entre 1997 e 2000, foi várias vezes ao Palácio Miraflores, sede do governo."Tomávamos café da manhã, conversávamos. Temos de voltar a essa situação (...), a lutar contra o narcotráfico e a delinqüência internacional", disse Chávez, que ontem cancelou seu programa de rádio e TV para se preparar para um encontro, na sexta, com o colombiano Alvaro Uribe, com quem tenta refazer a relação.Tanto a mensagem aos EUA como a reunião com Uribe compõem o tom moderado recente do venezuelano, de olho nas eleições municipais deste ano, segundo analistas.O clima estava tão amistoso que Chávez até brincou com o embaixador dos EUA -na frente de diplomatas brasileiros e chineses, diz a nota oficial. "Votaria em [no candidato republicano à Casa Branca John] McCain". Após ouvir um "interessante" do embaixador, ele disse que estava brincando."Se fosse americano, votaria [o voto não é obrigatório nos EUA]. Mas não votaria em nenhum dos dois [McCain ou o democrata Barack Obama]. Que ganhe quem ganhar, mas que possamos sentar e conversar. Fazia isso com [Bill] Clinton [1993-2001]."A relação de Chávez com George W. Bush, que deixará o cargo em janeiro, foi marcada pelo apoio americano à tentativa de golpe contra ele em 2002 e pela coleção de apelidos que o venezuelano lhe deu enquanto se cacifava como a voz antiamericana na região. Em setembro de 2006, em discurso na ONU, Chávez chamou o colega de "diabo" e disse que ainda sentia "cheiro de enxofre". Bush discursara na véspera.McCain e Obama criticam Chávez, mas o democrata já se disse disposto a encontrá-lo.

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