terça-feira, 22 de abril de 2008

Para fustigar Serra, Alckmin busca Ciro

Por José Alberto Bombig
na Folha de São Paulo

Em resposta à movimentação de tucanos que trabalham pela aliança do prefeito Gilberto Kassab (DEM) com o PMDB, o grupo do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) vai buscar o apoio do deputado federal Ciro Gomes (CE) na tentativa de atrair o seu PSB na capital.O ponto de intersecção entre os projetos de Alckmin e de Ciro é a necessidade de o deputado enfraquecer o governador paulista, José Serra (PSDB).Nos bastidores, tucanos próximos de Serra têm auxiliado o prefeito de São Paulo, Kassab, em suas tratativas para contar com o PMDB do ex-governador Orestes Quércia.As gestões nesse sentido fazem parte da estratégia de "desidratar" a pré-candidatura Alckmin, hoje o principal entrave no PSDB à manutenção da aliança com o DEM em torno de Serra e de seu projeto de chegar ao Planalto em 2010.Aliados importantes de Serra, de quem Kassab era vice até 2006, integram o primeiro escalão da administração municipal e trabalham abertamente pela desistência de Alckmin.Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, Serra lidera a disputa pela Presidência com pelo menos 16 pontos de vantagem sobre o seu principal adversário, Ciro Gomes.O presidenciável ajudaria a quebrar a resistência do PSB no âmbito nacional contra uma aliança com os tucanos em São Paulo, onde Alckmin já conta com a simpatia de Márcio França e William Dib, dois dos principais líderes da sigla.Pelos cálculos de Alckmin, a ajuda do deputado federal pelo Ceará teria também força para arrastar não apenas o PSB mas também o PDT e o PC do B até ele. Os três partidos formam o chamado "bloquinho" e fazem parte da coalizão em torno do presidente Lula.Alckmin está disposto a negociar o posto de vice em chapa com o "bloquinho", que, segundo o entorno do ex-governador, teria ainda o efeito de levar sua candidatura para a "esquerda", em oposição a Kassab.
Crise
A aproximação do prefeito de São Paulo de Orestes Quércia, com a ajuda de tucanos do Palácio dos Bandeirantes, abriu nova crise na mais que desgastada relação entre Alckmin e Serra.Sem o apoio da "máquina estadual" e com o partido dividido ao meio, Alckmin tem pouco a oferecer ao PMDB, que quer espaço em administrações, cargo de vice e a garantia de Quércia concorrerá ao Senado em 2010 escorado em uma forte coligação, como a DEM-PSDB.Para o grupo "alckmista", a ajuda dos tucanos a Kassab, além de "traição", é uma tentativa de "desconstruir" a candidatura do ex-governador.

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