domingo, 10 de agosto de 2008

Todo mundo é lulista (Parte 2)

Segue abaixo reportagem assinada por Renata Victal no Jornal do Brasil. Comento no próximo post.

Navegar numa economia estável, em céu de brigadeiro e com a imagem descolada de qualquer escândalo. O cenário de sonho que vive o presidente Lula transformou sua imagem em mercadoria de alto valor. Sabendo disso, os candidatos à prefeitura prometem disputar, minuto a minuto, o prestígio do ex-líder operário nos seus programas de TV. Apesar de Alessandro Molon ser candidato único do PT, Jandira Feghali (PCdoB), Eduardo Paes (PMDB) e Marcelo Crivella (PRB) já anunciaram que pretendem tirar suas ‘casquinhas’. Acuado, Molon ameaça recorrer à Justiça.
– Ele só estará em nosso programa eleitoral – ressalta Molon. – E não pode aparecer em outro programa. É proibido pela lei eleitoral. Tenho certeza que a marca do presidente e sua popularidade vão ser muito importantes para nosso crescimento.
O prestígio do presidente entre os cariocas é tão grande que nem mesmo os candidatos de oposição querem correr o risco e minimizam as críticas ao governo federal. A avaliação é de Geraldo Tadeu Monteiro, cientista político e diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social.
– A última pesquisa aponta que Lula tem 44,4% de aprovação entre os cariocas e apenas 16,2% de reprovação. A imagem de Lula é tão boa no Rio que 47,4% disseram que votariam em um candidato apoiado por ele – lembra o cientista. – O escândalo do mensalão não colou em Lula. Colou em vários políticos próximos a ele, mas os programas sociais, a estabilidade da economia, o aumento real do salário mínimo e as obras do PAC falaram mais alto.
Marcelo Serpa, professor de política eleitoral da UFRJ, tem a mesma opinião:
– A estratégia é trazer um pouco da popularidade e da aceitação de Lula para a própria campanha – explica Marcelo. – É uma estratégia antiga de propaganda. Todos querem agregar a simpatia de Lula.
Slogans parecidos
A comunista Jandira Feghali diz que vai explorar uma brecha na norma eleitoral para ter o presidente em seu programa de TV. Além disso, o publicitário Paulo de Tarso Lobão Morais usará slogan semelhante ao de Lula em 2002: "Jandira já".
– Ele não pode é gravar para mim. No que for compatível com a parceria, não tem problema. Podemos usar imagens de eventos em que ele tenha participado.
De olho na mesma brecha, Eduardo Paes diz que também vai utilizar algumas imagens.
– Vamos usar imagens do presidente, sem problemas – garante.
Nem mesmo o senador Marcelo Crivella abre mão de se colar às boas ações do governo federal. Esta semana, ele começou a gravar seus programas de TV e até mesmo o slogan da campanha de Lula foi adaptado. O "Crivella lá" somado à participação do vice-presidente José Alencar, de seu partido, é uma das principais armas.
– Todos sabem que o presidente Lula tem pelo José Alencar, pelo PRB e pelo Crivella, um apreço especial, ele já declarou isso – diz o bispo. – Mas disse também que não ia fazer campanha no primeiro turno para nenhum partido onde a base estivesse dividida, é o caso do Rio. Seria constrangedor.

Estratégia

Para impregnar ainda mais a marca Lula em seu programa, Molon pretende contar com a ajuda de alguns ministros. Hoje, os ministros de Justiça, Tarso Genro, do Meio Ambiente, Carlos Minc, de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos, e de Políticas para as Mulheres, Nilcéia Freire, vão entrar em estúdio para gravarem mensagens em seu apoio. Além destes, já gravaram os ministros da Educação, Fernando Haddad, e o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini.

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