segunda-feira, 23 de junho de 2008

Prefeitura de SP vai pedir ação contra Maluf em Jersey

Por Jamil Chade
no Estado de São Paulo

Com a ajuda de um novo acordo internacional da Organização das Nações Unidas (ONU), a Prefeitura de São Paulo vai entrar com representação para repatriar US$ 120 milhões bloqueados na Ilha de Jersey em nome do deputado Paulo Maluf, candidato do PP a prefeito. No fim da semana passada, o Ministério Público de São Paulo recebeu os documentos que faltavam da Justiça britânica que comprovariam as transferências de dinheiro por Maluf da Suíça para Londres e, em seguida, para Jersey nos anos 90. "O processo vai seguir", comemorou Andrew Witts, advogado contratado pela prefeitura em Londres. Os advogados do município agora estudam se vão pedir abertura de processo contra o ex-prefeito apenas em Jersey ou também nas Ilhas Virgens Britânicas, onde está registrada, segundo as investigações, uma empresa do deputado que teria feito as transferências. "Como é que alguém entra em um processo eleitoral tendo dinheiro bloqueado no exterior?", questiona o procurador-geral de Genebra, Daniel Zapelli, que confirma a manutenção do bloqueio do dinheiro em nome da família Maluf também na Suíça.Entre os documentos a serem usados pela prefeitura estão os comprovantes da transferência de dinheiro da fundação White Gold para a empresa Durant International em dezembro de 1996.Pelas investigações dos suíços, são assinaturas de Maluf que dão a autorização para as transferências. A Durant teria sede nas Ilhas Virgens Britânicas e, por esse motivo, um processo também poderia ser aberto na Justiça local.
ACORDO
Os documentos já haviam sido enviados ao Brasil em 2005, mas estavam apenas com o Ministério Público em um processo criminal. Agora, com a prefeitura, será pedida uma ação civil em Jersey.A idéia dos advogados é a de abrir uma queixa por corrupção e por lavagem de dinheiro. A esperança deles é de que a Justiça em Jersey seja mais rápida que a do Brasil e condene Maluf. Com isso, o dinheiro seria liberado para a repatriação.O Ministério Público de São Paulo e advogados britânicos conseguiram os documentos graças a acordo promovido pela ONU de combate à corrupção. O Brasil ratificou o tratado em 2006 e pôde requisitar dados de pessoas investigadas por corrupção ou lavagem de dinheiro. Como o Reino Unido também já ratificou o acordo, foi obrigado a conceder a documentação. Maluf disse ontem ao Estado que "desconhece o problema" e voltou a negar que tenha dinheiro no exterior. "230 vezes eu já neguei. Agora vou negar 231."

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