terça-feira, 6 de maio de 2008

Procuradora afirma que caso BNDES envolve mais políticos

Por Rubens Valente
na Folha de São Paulo

A procuradora da República em São Paulo Adriana Scordamaglia, que acompanha a Operação Santa Tereza da Polícia Federal, disse ontem, em entrevista coletiva, que políticos cujos nomes ainda não vieram a público e mais dez prefeituras do interior de São Paulo deverão ser investigados por suposto envolvimento com o grupo acusado de desviar recursos de empréstimos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).A procuradora também afirmou que há funcionários do banco sob investigação, embora seus nomes e cargos sejam desconhecidos, inclusive para a PF. Indagada se é possível dizer que algum servidor recebeu suborno para liberar os empréstimos, a procuradora afirmou não deter essa "prova"."Houve um vasto material apreendido, e nesse vasto material, segundo a Polícia Federal me informou, há outras pessoas envolvidas, pessoas importantes, políticos, que não [os] já citados, que no decorrer das investigações, da análise do material apreendido, eles chegarão a outras pessoas", disse a procuradora, que não citou nomes. Como o processo corre sob segredo de Justiça, a imprensa não tem como aferir as declarações da procuradora.A procuradora mencionou "planilhas, e-mails, notas fiscais, documentos de mão própria dos denunciados".Na última sexta, Adriana entregou à Justiça Federal a denúncia, que foi acolhida, contra 13 pessoas que atuariam em dois tipos diferentes de atividades criminosas: tráfico de mulheres e fraudes nos empréstimos bancários às Lojas Marisa (dois) e à prefeitura de Praia Grande (SP). Segundo Adriana, "apenas nesses 3 empréstimos os envolvidos receberam R$ 2 milhões de propina".A procuradora disse que não há provas do envolvimento de donos ou diretores da rede de lojas de roupas femininas.Como o inquérito tem citações ao deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), cópia foi enviada ao STF (Supremo Tribunal Federal). Ele tem foro privilegiado. Conversas telefônicas indicam, segundo a PF, que Paulinho teria recebido parte de R$ 1,3 milhão pago a título de "custo político".A procuradora também pediu a abertura de um inquérito para investigar suposto vazamento da operação. A PF atribuiu ao advogado Ricardo Tosto o alerta feito por e-mail a outro investigado.Procurado pela reportagem, Tosto preferiu não se manifestar. Ele tem negado participação no suposto esquema. O advogado de Paulinho não foi localizado. O ministro da Justiça, Tarso Genro, negou ontem, em Teresina (PI), que Paulinho seja objeto do inquérito.

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