quarta-feira, 17 de junho de 2009

Guerra entre funcionários agravou a crise

Por Fernando Rodrigues
na Folha

A atual onda de escândalos no Congresso não é novidade no Legislativo. Desde o retorno do país à democracia representativa formal, em 1985, senadores e deputados já passaram por duas crises semelhantes.Em 1993, o escândalo dos anões do Orçamento deixou um saldo de oito cassados e quatro renúncias para escapar da punição. Em 2005, no mensalão, só três deputados perderam o mandato -José Dirceu (PT-SP), Roberto Jefferson (PTB-RJ) e Pedro Corrêa (PP-PE)- e quatro renunciaram.Os desvios atuais no Congresso guardam semelhança com os episódios dos anões do Orçamento e do mensalão: muitos deputados e senadores estão envolvidos. A rigor, pela letra fria da Constituição e dos regimentos das duas Casas, um grande número de congressistas teria de perder o mandato.Mas não há exemplo na história de cassação generalizada, pois os próprios congressistas são os responsáveis pelas votações nas quais alguém perde o mandato. No lote recente de escândalos, os políticos estão demarcando território e tentando encontrar saídas para salvar o máximo possível de cabeças.O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse nesta semana suspeitar de sabotagem dentro do Congresso para que tantos casos apareçam. É uma referência a um elemento não existente em crises passadas: a influência dos funcionários de alto escalão, hoje em guerra pelo domínio da burocracia interna do Legislativo.Os orçamentos da Câmara e do Senado somados são de R$ 6,3 bilhões -valor maior que a receita de oito Estados brasileiros. Os diretores das duas Casas ordenam mais pagamentos que vários governadores estaduais.Como no Senado houve troca de diretor-geral, com a saída de Agaciel Maia, grupos interessados em manter seu poder de influência passaram a agir: funcionários de alto escalão foram fontes para dezenas de reportagens dos últimos quatro meses. O fato de a mudança na alta burocracia ter ocorrido só no Senado explica a menor temperatura dos escândalos na Câmara. Leia mais aqui.

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