quinta-feira, 9 de abril de 2009

Protógenes "Plim-Plim"

Por Rui Nogueira
no Estadão

A quebra do sigilo telefônico do delegado Protógenes Queiroz provou que foi ele mesmo quem telefonou para a reportagem da TV Globo para acertar a filmagem da prisão do ex-prefeito Celso Pitta, do investidor Naji Nahas e do banqueiro Daniel Dantas, na madrugada do dia 8 de julho do ano passado, na Operação Satiagraha. Além de provar o vazamento de informações, a investigação do delegado corregedor Amaro Vieira também sustenta que uma equipe da TV Globo de São Paulo foi usada por Protógenes para prestar um serviço tipicamente policial na operação: a emissora filmou, a pedido de Protógenes, o flagrante no restaurante El Tranvia, em junho, em que o delegado Victor Hugo Alves Ferreira recebeu R$ 50 mil dos empresários Hugo Chicaroni e Humberto Brás para tentar evitar o aprofundamento das investigações em cima de Dantas.Informada sobre os detalhes da investigação de Amaro Vieira, a Central Globo de Comunicação disse ao Estado, por e-mail, que a emissora não se pronunciaria sobre o assunto.O relatório de 88 páginas do delegado detalha como foi a colaboração da TV Globo com Protógenes. Na ânsia de trabalhar sempre fora do controle dos diretores da PF, o delegado "se encarregou de providenciar uma equipe para realizar a filmagem do encontro" no El Tranvia. Os extratos telefônicos de Protógenes mostram que no dia da gravação ele fez pelo menos 22 telefonemas ou tentativas de ligação para o cinegrafista da Globo Robinson Cerantula, a fim de fazer os acertos da filmagens.O cinegrafista, segundo o relatório da PF, foi orientado pelo agente federal Amadeu Ranieri Bellomusto sobre a melhor maneira para gravar o encontro no restaurante. "Além de recepcionar os jornalistas no local dos fatos (restaurante El Tranvia) Bellomusto indicou-lhes as posições que deveriam ocupar para capturar melhores ângulos, tendo posteriormente recebido as gravações que, após editadas de modo a suprimir evidência da participação dos jornalistas, teriam sido utilizadas na instrução processual." Leia mais aqui.

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