terça-feira, 21 de abril de 2009

Ahmadinejad ataca Israel e implode conferência sobre racismo

Por Jamil Chade
no Estadão

O presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, abriu ontem a conferência das Nações Unidas contra o racismo com uma mensagem de ódio contra Israel, questionando o Holocausto e atacando a "arrogância" do Ocidente. Cerca de 30 delegados, a maioria de países europeus, deixaram a sala em protesto e o discurso foi interrompido por manifestantes, que se vestiram de palhaço e chegaram a atirar um nariz vermelho de plástico no presidente iraniano. Em meio ao tumulto, seguranças corriam pela sala do evento tentando prender os manifestantes, enquanto Ahmadinejad sorria.O inflamado discurso provocou duras críticas. Os presidentes americano, Barack Obama, e francês, Nicolas Sarkozy, condenaram Ahmadinejad e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chegou a falar em adotar "medidas disciplinares?. A conferência já estava envolta em polêmica por causa da decisão dos EUA e de outros sete países, entre eles Alemanha, Canadá, Itália e Holanda, de boicotar o evento, alegando exatamente o temor de que ele se transformasse em um palanque contra Israel.A diplomacia brasileira havia pedido "moderação" no discurso de Ahmadinejad. Ban, que se havia reunido pela manhã com o líder iraniano, também tinha pedido a ele que não atacasse outros países e "olhasse para o futuro". Mas o pior dos cenários se confirmou. Ahmadinejad, que tinha 7 minutos para falar, discursou por 32 minutos. O iraniano comparou o sionismo ao racismo e acusou o Ocidente de ter estabelecido um "governo racista" no Oriente Médio. Ele também acusou Israel de ser o "regime mais cruel e repressivo". "O sionismo personifica o racismo que usa falsamente a religião para esconder ódio", disse Ahmadinejad. "O regime sionista nos ameaça com guerra."O líder iraniano, que já havia pedido a destruição de Israel em outras ocasiões, chegou perto de repetir isso na ONU. Ele também jogou com as palavras para questionar o Holocausto no dia do 120º aniversário de Adolf Hitler. Ahmadinejad, que já havia classificado o Holocausto como "um mito", disse que Israel foi criado "sob o pretexto do sofrimento dos judeus e da ambígua e duvidosa questão do Holocausto". "Eles enviaram imigrantes da Europa, dos EUA e de outras partes do mundo para estabelecer um governo totalmente racista na Palestina ocupada", declarou."O boicote é uma prova clara de que apoiam o racismo", disse Ahmadinejad, referindo-se aos países que não compareceram à reunião. "Esta é a liberdade de expressão e os defensores desta liberdade têm agora medo de participar. Isso é arrogância."Em Jerusalém, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, advertiu que não permitirá que os que negam o Holocausto tenham a chance de cometer um novo massacre contra o povo judeu. Netanyahu discursou durante cerimônia anual que lembra os mortos pelo Holocausto durante a 2ª Guerra.O governo israelense também decidiu convocar o embaixador da Suíça para manifestar seu descontentamento pelo encontro, no domingo, entre Ahmadinejad e o presidente suíço, Hans-Rudolf Merz. "Tem de haver um limite à neutralidade suíça", afirmou o presidente israelense, Shimon Peres. Leia mais aqui.

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