Brasília, terça-feira, 3. O candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff (PT) e presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB), lidera um almoço com parlamentares da base aliada e ministros do governo Lula. A reunião é fechada, sem a presença de jornalistas. Mas há tanta gente (na casa do senador Gim Argello — PTB/DF), que é preciso usar um microfone. É daí que vieram as notícias sobre o que se passou. Com ares sacerdotais, Temer diz a frase mais quente da semana: “Não queremos partilhar apenas o pão. Queremos partilhar o governo de Dilma”. Uma salva de palmas saúda o que pode ser considerado marco inicial do grande loteamento já aberto em Brasília.
Ninguém duvida de que seria ferrenha a disputa subterrânea por espaços na eventual administração da petista. Só não contavam com um flagrante desses, já devidamente “minimizado” por Temer. Um flagrante que revela uma situação só agora levada a sério pelos analistas políticos: um eventual governo Dilma juntaria a fome com a vontade de comer. Para lidar com a fome de seus aliados, a pupila de Lula não teria o necessário pulso de legitimidade eleitoral que seu mestre sempre teve. A administração da petista estaria fatalmente à mercê do fisiologismo de uma coalizão montada sobre conveniências e métodos explicitados pelo ex-parceiro Roberto Jefferson ainda em 2005. Invocando podres poderes terrenos, o ato de fé de Temer (ao conclamar seus pares a dividir o butim antes mesmo do jogo começar de fato) faz tremer qualquer cidadão de bem. E não pelo visível salto alto, mas pela nítida sensação de que eles tudo podem.
Comentário
Não tiro nenhuma palavra do editorial do jornal. A base lulista está de salto alto achando que a eleição está vencida. E olha que nem começou a campanha na TV e no rádio. Está mais claro do que nunca que um possível governo Dilma teremos além das mãos de Lula, as mãos de Michel Temer, José Sarney, Renan Canalheiros. Quem vai governar o Brasil caso Dilma seja eleita vai ser Lula e os esfomeados do PMDB.
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