domingo, 8 de agosto de 2010

Podres poderes terrenos

Editorial do Jornal Opção

Bra­sí­lia, ter­ça-fei­ra, 3. O can­di­da­to a vi­ce na cha­pa de Dil­ma Rous­seff (PT) e pre­si­den­te da Câ­ma­ra dos De­pu­ta­dos, Mi­chel Te­mer (PMDB), li­de­ra um al­mo­ço com par­la­men­ta­res da ba­se ali­a­da e mi­nis­tros do go­ver­no Lu­la. A re­u­ni­ão é fe­cha­da, sem a pre­sen­ça de jor­na­lis­tas. Mas há tan­ta gen­te (na ca­sa do se­na­dor Gim Ar­gel­lo — PTB/DF), que é pre­ci­so usar um mi­cro­fo­ne. É daí que vi­e­ram as no­tí­cias so­bre o que se pas­sou. Com ares sa­cer­do­tais, Te­mer diz a fra­se mais quen­te da se­ma­na: “Não que­re­mos par­ti­lhar ape­nas o pão. Que­re­mos par­ti­lhar o go­ver­no de Dil­ma”. Uma sal­va de pal­mas sa­ú­da o que po­de ser con­si­de­ra­do mar­co ini­ci­al do gran­de lo­te­a­men­to já aber­to em Bra­sí­lia.

Nin­guém du­vi­da de que se­ria fer­re­nha a dis­pu­ta sub­ter­râ­nea por es­pa­ços na even­tual ad­mi­nis­tra­ção da pe­tis­ta. Só não con­ta­vam com um fla­gran­te des­ses, já de­vi­da­men­te “mi­ni­mi­za­do” por Te­mer. Um fla­gran­te que re­ve­la uma si­tu­a­ção só ago­ra le­va­da a sé­rio pe­los ana­lis­tas po­lí­ti­cos: um even­tual go­ver­no Dil­ma jun­ta­ria a fo­me com a von­ta­de de co­mer. Pa­ra li­dar com a fo­me de seus ali­a­dos, a pu­pi­la de Lu­la não te­ria o ne­ces­sá­rio pul­so de le­gi­ti­mi­da­de elei­to­ral que seu mes­tre sem­pre te­ve. A ad­mi­nis­tra­ção da pe­tis­ta es­ta­ria fa­tal­men­te à mer­cê do fi­si­o­lo­gis­mo de uma co­a­li­zão mon­ta­da so­bre con­ve­niên­cias e mé­to­dos ex­pli­ci­ta­dos pe­lo ex-par­cei­ro Ro­ber­to Jef­fer­son ain­da em 2005. In­vo­can­do po­dres po­de­res ter­re­nos, o ato de fé de Te­mer (ao con­cla­mar seus pa­res a di­vi­dir o bu­tim an­tes mes­mo do jo­go co­me­çar de fa­to) faz tre­mer qual­quer ci­da­dão de bem. E não pe­lo vi­sí­vel sal­to al­to, mas pe­la ní­ti­da sen­sa­ção de que eles tu­do po­dem.
Comentário
Não tiro nenhuma palavra do editorial do jornal. A base lulista está de salto alto achando que a eleição está vencida. E olha que nem começou a campanha na TV e no rádio. Está mais claro do que nunca que um possível governo Dilma teremos além das mãos de Lula, as mãos de Michel Temer, José Sarney, Renan Canalheiros. Quem vai governar o Brasil caso Dilma seja eleita vai ser Lula e os esfomeados do PMDB.

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