sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O silêncio dos indecentes

A revista Veja já traz sua nova edição na sexta feira por causa do feriado de Carnaval. Ela repercute a entrevista do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) que disse que boa parte do seu partido só quer saber mesmo é de corrupção. Segue abaixo um trecho da reportagem:

Na entrevista, Jarbas Vasconcelos disse que o PMDB é "uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos". Citou nominalmente o presidente do Congresso, senador José Sarney, e o novo líder do partido, senador Renan Calheiros. Para Vasconcelos, a moralização e a renovação do Congresso são incompatíveis com a figura de Sarney, que "vai transformar o Senado em um grande Maranhão". Sarney não respondeu ao ataque. Disse apenas que, na condição de presidente, "não pode diminuir o debate" e que o senador deveria apresentar os nomes dos corruptos. Renan Calheiros – que, segundo Vasconcelos, "não tem nenhuma condição moral ou política para ser senador, quanto mais líder do partido" – preferiu calar-se. Fora do PMDB, o governo optou por não comentar as críticas do senador, e a oposição, pensando nas alianças do futuro, fez de conta que nada tinha a ver com o debate. No domingo 15, após a publicação da entrevista, Sarney e Renan até se reuniram para discutir o que fazer diante das declarações de Jarbas Vasconcelos. Depois de xingarem e fazerem ofensas pesadas ao senador pernambucano, ambos avaliaram que rebater as acusações e cobrar uma punição para Jarbas seria uma atitude temerária. Muito barulho não convém ao negócio.

Tanto o governo como a oposição decidiram se calar. Cada lado sabe que depende muito do PMDB nas eleições presidenciais do ano que vem e começar uma briga com um partido tão forte poderia trazer estragos daqui um ano e meio. A entrevista do senador Jarbas Vasconcelos poderia ser (como ele mesmo disse na entrevista) o pontapé inicial para uma investigação rigorosa dentro do partido. Mas quem, dentro do PMDB, quer dar o pontapé inicial? E quem, foram do PMDB, quer dar o pontapé inicial? Prevaleceu o silêncio dos indecentes. Prevaleceu a máxima lulista de que todo mundo faz o que sempre foi feito sistematicamente nestêpaiz. Até exigir apuração das denúncias é motivo de chacota. Eles preferem que tudo fique assim como está. Que Jarbas Vasconcelos pareça apenas uma voz dissonante dentro do partido.

A Veja relembra alguns peemedebistas enrolados com a Justiça. E a reportagem ressalta que ninguém falou nada durante esta semana sobre as declarações do senador pernambucano. Para que falar, não é mesmo? Louco é Jarbas Vasconcelos que denunciou o que sempre foi feito sistematicamente nestepaiz. Normais no país do lulismo são José Sarney, Jader Barbalho, Romero Jucá, Renan Canalheiros e tantos outros peemedebistas famintos por cargos públicos e de olho num buraco do orçamento para injetar mais grana pública nos seus bolsos. No Brasil impera o silêncio dos indecentes e quem ousa reclamar é acusado de “indignação seletiva”. Muito barulho não convém ao negócio e o silêncio é necessário porque 2010 é logo ali.

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