quinta-feira, 2 de julho de 2009

Praticando o que Lula disse

Por Márcio Falcão
na Folha online

Na tentativa de evitar os questionamentos da imprensa sobre a crise que atinge a imagem do Senado, o presidente da instituição, José Sarney (PMDB-AP), pediu à Polícia Legislativa que fixasse na entrada do gabinete da presidência uma espécie de "cordão de isolamento" para manter repórteres, fotógrafos e cinegrafistas afastados.
Com a medida, os seguranças impedem que a imprensa se aproxime de Sarney no trajeto habitual do peemedebista entre o gabinete da presidência e o plenário. Segundo a assessoria de imprensa de Sarney, o cordão de isolamento foi adotado porque "ontem o presidente quase foi derrubado".
A chegada e a saída de Sarney ontem ao Senado foi tumultuada. O repórter Danilo Gentilli do programa humorístico "CQC" tentou entrevistar o presidente da Casa, mas foi derrubado pelos seguranças da presidência.
Gentilli perguntou a Sarney como ele se sentia em "não ser tão poderoso quanto se pensava", mas ficou sem resposta do peemedebista e parou no chão com um empurrão dos seguranças.
Na saída de Sarney da Casa, após encerrar a sessão em homenagem ao deputado José Pinotti, que morreu na madrugada de ontem, o peemedebista voltou a ser cercado pelo "CQC" e por jornalistas.
O presidente do Senado se recusou a falar e disse que a imprensa o estava impedindo de andar, mas Gentili insistiu em perguntar se a saída dele da presidência acabaria com a crise e levou um novo empurrão.
Comentário
Estão colocando em prática aquilo que Lula falou há umas duas semanas atrás: Sarney tem que ser tratado como uma "pessoa incomum". A carcaça da ditadura já usou a segurança do Senado para vigiar sua casa em São Luis-MA. Agora a segurança é usada para "isolar" Sarney. Ele usou o mesmo argumento do PT para se defender das acusações que pesam nas suas costas: a culpa é da imprensa. Ora, por que a vítima não usa esta mesma imprensa para ser defender? Para quem defendeu a ditadura militar não é de se estranhar o uso da força para se "isolar". O que é para se estranhar é o apoio do PT e de Lula à Sarney. Mas, com o passar do tempo, vamos vendo que aquela oposição raivosa feita pelos petralhas era tudo jogo de cena. Hoje eles mostram o grande amor que sentem por José Sarney.

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