quarta-feira, 23 de julho de 2008

Podcast do Diogo Mainardi: "O inquérito do Ministério Público italiano"

Daniel Dantas espionou os italianos. Os italianos responderam espionando Daniel Dantas. Esse foi o resultado do inquérito dos procuradores milaneses contra os arapongas da Telecom Italia. Num de seus interrogatórios, o chefe dos arapongas, Giuliano Tavaroli, definiu a estratégia da empresa: "Para tratar com um bandido, é preciso outro bandido". No caso, ele se referia a Daniel Dantas e a Naji Nahas. Assunto requentado? Sim, assunto requentado.
O advogado de Daniel Dantas declarou que o inquérito italiano pode ajudar seu cliente. Mentira. Se os italianos mandaram hackear o computador do agente da Kroll, eles só o fizeram porque o agente da Kroll os hackeou primeiro. O episódio é conhecido. Os documentos da Ministério Público italiano apenas confirmam o que todos nós já sabíamos: um espionou o outro, um praticou crimes contra o outro. Daniel Dantas que se dane. Os italianos que se danem.
Apesar de todo o repeteco, surgiu uma grande novidade na última semana. E a novidade foi justamente aquela que a imprensa brasileira se esqueceu de noticiar. Os procuradores milaneses concluíram uma parte do inquérito contra os arapongas da Telecom Italia, mas mantiveram aberta uma outra parte, a que mais nos interessa: as suspeitas de que a empresa corrompeu funcionários públicos e políticos no exterior, em particular no Brasil. Quem mais tratou do assunto fui eu. Para dar uma idéia do que o Ministério Público italiano pode estar procurando, sugiro a releitura de dois dos meus artigos: "
Fantasioso? Sórdido?" e "Esperei Godot. E ele apareceu".
A PF, ridiculamente, tentou me associar a Daniel Dantas. Como eu nunca falei sobre o assunto com ele ou com qualquer membro de seu bando, o delegado Protógenes Queiroz se limitou a citar meus artigos. O motivo disso tudo é simples. Desde que o caso estourou na Itália, ignorei completamente as denúncias de arapongagem, concentrando-me no que de fato me parecia importante: os pagamentos feitos aos políticos brasileiros. Há uma penca de depoimentos que comprovam essa prática. Entendo que os lulistas queiram abafar o caso. Entendo que eles prefiram tratá-lo como uma mera batalha comercial entre empresas e empresários afeitos à bandidagem. Entendo que eles comprem uns blogueiros patifes empenhados em acobertá-los. Por enquanto, os lulistas podem comemorar. A magistratura brasileira, pelo que publicaram os jornais italianos, ainda nem pediu cópias dos documentos. Mas ainda há um inquérito em andamento. E ele pode mostrar que mais bandidos precisam ir para a cadeia, além de Daniel Dantas e Naji Nahas.
Clique aqui para ouvir na íntegra.

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